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Accionistas minoritários da Oi exigem acção contra a Portugal Telecom
Accionistas minoritários da Oi exigem que a empresa entre com uma acção de responsabilidade contra os administradores indicados pela Portugal Telecom, acusando-os de fraudes que empurraram a empresa para uma grave crise financeira.
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"A recuperação judicial da Oi não é resultado da crise económica ou mesmo de má gestão. É decorrente, sim, da fraude conduzida pelos portugueses, que, aliás, estão a ser presos em Portugal", disse na segunda-feira Aurélio Valporto, vice-presidente da Associação de Investidores Minoritários do Brasil, citado pelo Jornal do Brasil.
O mesmo responsável acrescentou que "essa quadrilha empurrou para a companhia mil milhões em dívidas e terão de restituir esse dinheiro aos cofres da Oi e responder criminalmente pelos seus actos".
Na sexta-feira, durante a assembleia-geral extraordinária que aprovou o pedido de recuperação judicial da empresa, Aurélio Valporto, em nome dos minoritários, exigiu a abertura da acção judicial contra os portugueses.
O jornal escreve que, apesar de o pedido não ter sido aprovado na assembleia-geral, a questão voltará à agenda nos próximos dias.
Os conselheiros da Oi acusados pelos minoritários de actos lesivos contra a empresa são Luiz Maria Viana Palha da Silva, Rafael Luís Mora Funes, João Manuel Pisco de Castro, André Cardoso de Menezes Navarro e Pedro Zanãrtu Gubert Morais Leitão, todos indicados pela Pharol (antiga PT), maior accionista individual da empresa.
Aurélio Valporto referiu que, em 2014, em vez de comprar a operação da PT, a Oi e o Brasil ficaram, na verdade, com os passivos da empresa portuguesa. "A Oi entendeu que estava a incorporar uma operação saudável, que aumentaria a sua escala e traria benefícios para todos os accionistas. No entanto, a empresa ficou apenas com o osso da Portugal Telecom. Os portugueses usaram de sua influência no Conselho da Oi para empurrar esses passivos para dentro da empresa", acusou.
Para o representante dos accionistas minoritários, "este não é um crime apenas contra uma companhia, mas contra o próprio Brasil", porque há também dinheiro público na Oi.
Na assembleia da última sexta-feira, o empresário Nelson Tanure, integrante do comité de investimentos da gestora Bridge, detentora de 6,6% do capital votante da Oi, também defendeu o pedido de abertura de uma acção contra os administradores da empresa.
"Ela não está nessa situação por problemas de gestão, mas por responsabilidade da Portugal Telecom e dos seus representantes. Por isso, precisamos mudar a estrutura accionista e o Conselho da Oi", disse, segundo o Jornal do Brasil.
Na assembleia, os accionistas também questionaram a relação entre a operadora de telecomunicações e a Pharol, expressas nas participações societárias cruzadas e na composição de seus respectivos conselhos de administração.
A operadora brasileira entrou com um pedido de recuperação judicial a 20 de Junho, alegando não ter conseguido negociar a sua dívida de 65,4 mil milhões de reais (cerca de 18 mil milhões de euros).
A Justiça do Rio de Janeiro aprovou o pedido de recuperação judicial da companhia a 29 de Junho, dando um prazo de 180 dias para que elabore um plano de recuperação e faça a discussão das propostas junto dos seus credores.