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Accionistas da Altice apresentam queixa por "informações falsas ou enganosas"

O advogado que representa cerca de 50 accionistas do grupo dono da Meo alega que a empresa não tinha a dívida controlada e que apresentou resultados abaixo das expectativas. A Altice fala em "manipulação" e "desestabilização mediática."

Bloomberg
Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt 22 de Novembro de 2017 às 13:36
Cerca de meia centena de accionistas da Altice, dona da portuguesa Meo, vai apresentar uma queixa junto das autoridades francesas contra o que dizem ser a "difusão de informações falsas ou enganosas".

A decisão, confirmada à agência France Presse (AFP) pelo advogado dos queixosos, surge depois de nas últimas sessões o preço das acções da companhia ter ficado reduzido a metade, na sequência de notícias sobre resultados abaixo do esperado e elevada alavancagem da empresa. 

"Trata-se das primeiras queixas apresentadas neste âmbito," disse Frédérik-Karel Canoy, causídico que está associado à defesa de pequenos accionistas e que recentemente esteve envolvido nos processos contra as vítimas do dieselgate contra construtores automóveis como a Volkswagen, Renault ou Fiat.

Os investidores, de acordo com o processo citado pela AFP, alegam que apesar de a sociedade de Patrick Drahi ter dito que tinha "reduzido a sua dívida" entre 2015 e 2017 e ter "um controlo absoluto" sobre o endividamento, depois de uma "política de aquisição de grande envergadura" a dívida atingiu "um nível considerável próximo dos 50 mil milhões de euros".

Além disso, reclamam que "os resultados anunciados estão abaixo das expectativas" e que só a subsidiária francesa, a SFR, "perdeu um milhão e meio de assinantes desde 2014 ".

É a esta sucessão de más notícias que é associada à queda recente do preço da acção, que desde 2 de Novembro - dia em que apresentou resultados abaixo do esperado pelo mercado - já perdeu 52,85% do valor em bolsa.

"Patrick Drahi pensa ser capaz de salvar a Altice com ousadia. Faz-me lembrar Jean-Marie Messier [antigo CEO da Vivendi], que assegurou aos accionistas em 2002 'que estava tudo bem' , quando a dívida da Vivendi chegou a 35 mil milhões de euros" na altura em que teve de sair do cargo, refere o advogado. 

"A atitude do senhor Drahi é totalmente irresponsável em relação aos accionistas," acrescenta Frédérik-Karel Canoy.

Entretanto, o grupo de telecomunicações apelidou o movimento dos queixosos de "manipulação" e "tentativa de desestabilização mediática". Arthur Dreyfuss, porta-voz da empresa, garantiu à AFP que a Altice publica as suas informações financeiras "com a maior transparência".

No seguimento das notícias que cifram o endividamento da empresa em 49,6 mil milhões de euros, a companhia anunciou uma alteração de estratégia, travando as novas compras e reorganizando o grupo, que passou também por mexidas em Portugal, colocando Alexandre Fonseca ao leme da Meo, passando a até aqui CEO, Cláudia Goya, para chairman da operadora.

Apesar destas alterações, a acção continua a perder valor, recuando 8,09% para 7,619 euros, em mínimos de três anos e meio: Abril de 2014.

(notícia actualizada às 14:07 com declarações do porta-voz da Altice à AFP)
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