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S&P corta outlook da Altice para negativo após queda das acções e 2018 mais pessimista

A agência de rating reviu em baixa as suas previsões de evolução dos resultados do grupo de telecomunicações para o ano que vem em França e considera que a estratégia de diferenciação da companhia ainda tem de dar provas de eficácia.

Bloomberg
Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt 23 de Novembro de 2017 às 11:46

A agência de notação financeira Standard & Poor’s anunciou esta quinta-feira, 23 de Novembro, o corte no outlook da dívida da operadora Altice, dona da portuguesa Meo, e das suas subsidiárias (Altice International e Altice Luxembourg) de estável para negativo.

Apesar da redução - que indica a possibilidade de uma descida da nota de rating a prazo - a agência mantém esse nível de rating da dívida da companhia em B+, que corresponde ao quarto nível de "lixo".

A mudança de perspectiva é justificada por uma visão mais pessimista por parte da agência de rating em relação à evolução do EBITDA do grupo em França no ano que vem, a que se juntam as repercussões da forte descida do preço das acções na confiança do mercado de crédito.

Em relação aos lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), a S&P vê este indicador a subir cerca de 4% (antes de custos de reestruturação) em 2017 e 2018 para o grupo na sua totalidade, já depois de também o grupo ter revisto em baixa as perspectivas de crescimento deste indicador para 2017, para 6%.

A penalizar está a operação francesa (a SFR), onde a S&P espera agora uma contracção de 2,5% do EBITDA para o período entre 2016 e 2018, quando antes antecipava um crescimento de mais de 3%, motivada pela concorrência agressiva, tempo para corrigir erros operacionais, custos de retenção de clientes e investimentos necessários para acelerar a implantação de banda larga por fibra.

Além disso, a S&P refere ainda o recente "colapso" da capitalização bolsista do grupo e a deterioração da confiança dos credores. Se essa confiança "não for restaurada através de um plano credível de redução de dívida e de turnaround operacional em França, pode resultar no aumento dos custos de financiamento no médio prazo," avisa.

Na semana passada, quando já se evidenciavam as quedas em bolsa - que cortaram a metade o valor das acções - a empresa anunciou uma estratégia que passa por reduzir a dívida de 49,7 mil milhões de euros, reduzindo o actual rácio de "cinco vezes o EBITDA, para quatro vezes o EBITDA". Neste ponto, a S&P diz que até agora a administração "falhou" no objectivo de fazer cair este indicador: subiu de 5.0 vezes o EBITDA no final de Junho na Europa para 5,1 vezes no final de Setembro.

Além disso, pretende continuar a fazer convergir os activos de media e de telecomunicações comprar conteúdos, vender alguns activos de menor dimensão - como torres de comunicações - mas sem deixar de investir, como acontece com a compra em curso da Media Capital, dona da TVI, actualmente nas mãos da Concorrência.

"No nosso entendimento, os gastos em curso em conteúdos de média, alguma actividade de aquisiação (como a compra em curso de Media Capital em Portugal), e o (agora suspenso) programa de recompra de acções de mil milhões de euros introduzido no verão passado têm estado a contradizer os parâmetros de política financeira," considera a agência.

A pesar no rating da empresa fundada por Patrick Drahi (na foto) está ainda a incerteza manifestada pela agência em relação à eficácia das actuais alterações na estrutura - que ditaram a saída de Michel Combes de CEO do grupo (substituído por Dexter Goei), a subida de Armando Pereira a COO, e mexeram no topo da Meo, com a nomeação de Alexandre Fonseca para CEO e a passagem de Cláudia Goya a chairwoman - e à alteração da estratégia, agora apostada na redução da dívida em vez da diferenciação no mercado.

A notação pode vir a ser reduzida num patamar se a gestão não conseguir devolver solidez à operação em França, não conseguir diminuir a dívida, se mantiverem dúvidas em relação à administração ou se o aumento dos custos de financiamento penalizar a geração de fluxos de caixa.

Já esta quinta-feira o Financial Times avança que o grupo quer vender o negócio na República Dominicana para reduzir a dívida. A forte descida do preço dos títulos levou ontem um grupo de cerca de 50 accionistas a apresentar uma queixa contra a Altice por alegadas "declarações falsas e enganosas", um procedimento que a companhia considerou tratar-se de uma "manipulação" mediática.


As acções da Altice sobem 4,05% para 7,86 euros em Amesterdão.

(Notícia actualizada às 12:25 com mais informação)

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