Notícia
Bill Gates ao lado do FBI na divergência com a Apple
Na disputa pelos dados do iPhone usado por um dos autores dos ataques de San Bernardino, Bill Gates posiciona-se ao lado do FBI. Já Mark Zuckerberg apoia Tim Cook, mas disponibiliza-se para ajudar as autoridades.
Bill Gates contraria as tecnológicas de Silicon Valley e posiciona-se ao lado do FBI na disputa pelo acesso aos dados do iPhone usado por um dos autores do tiroteio de San Bernardino. Já Mark Zuckerberg apoia Tim Cook, mas ressalva que ajudaria o Departamento de Justiça para evitar novos ataques.
O fundador da Microsoft reagiu ao caso entre a Apple e o FBI e, numa entrevista publicada esta terça-feira, 23 de Fevereiro, no Financial Times, diz que as tecnológicas devem ser forçadas a cooperar com a justiça em investigações sobre terrorismo.
Bill Gates nega que este procedimento iria abrir um precedente para futuras exigências das autoridades, como o líder da Apple, Tim Cook, alega. "Este é um caso específico em que o Governo está a pedir para aceder à informação. Não estão a pedir uma coisa geral, estão a pedir para um caso particular", referiu Bill Gates.
Ainda assim, o fundador da Microsoft disse ao Financial Times que deve haver regras sobre quando é que essa informação pode ser acedida. "Espero que esse debate exista para que se criem garantias e para que as pessoas não optem por dizer que é melhor que o Governo não tenha acesso a nenhuma informação", concluiu.
Esta posição de Bill Gates difere da opinião da generalidade das empresas tecnológicas que manifestaram apoio à Apple e a Tim Cook, inclusivamente da tecnológica por si fundada. A Microsoft não reagiu oficialmente, mas um porta-voz da empresa fez referência a uma declaração da organização Reform Government Surveillance, dando o apoio a Tim Cook na recusa a ceder os dados do iPhone ao Departamento de Justiça.
Já Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, mostrou solidariedade para com a posição da Apple, mas referiu que "se tivermos oportunidade de trabalhar com o Governo para evitar ataques terroristas, obviamente vamos aproveitar a oportunidade".
"Não acredito que pedir acesso a informações encriptadas seja uma medida eficaz para aumentar a segurança ou que seja o mais acertado. Estamos solidários com o Tim e com a Apple", disse Zuckerberg no Mobile World Congress, em Barcelona. Mas "ao mesmo tempo achamos que temos uma grande responsabilidade de prevenir o terrorismo e outros tipos de ataques", concluiu, citado na segunda-feira, pelo The Guardian.
Este caso entre a Apple e o Departamento de Justiça norte-americano foi provocado pela recusa de Tim Cook em desbloquear o iPhone 5c usado por um dos autores do ataque terrorista em San Bernardino, na Califórnia. O presidente executivo da marca da maçã justificou a desobediência dizendo que isto poderia abrir um "perigoso precedente".
A divergência tem por base um ataque terrorista realizado a 2 de Dezembro, onde morreram 14 pessoas e 22 ficaram gravemente feridas, em San Bernardino, na Califórnia. O ataque foi perpetrado por Syed Rizwan Farook (o dono do iPhone 5c em causa) e Tashfeen Malik, acabando por morrer depois de uma troca de tiros com a polícia.
Este caso já motivou reacções por parte de empresas como o Facebook, o Twitter,o Whatsapp e o Google, que manifestaram o apoio ao CEO da Apple, Tim Cook, e até o ex-funcionário da CIA Edward Snowden aplaudiu a posição tomada pela Apple.
O FBI já veio dizer que pedia apenas que a Apple desbloqueasse este aparelho em particular, garantindo que não abriria um precedente.