Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, confessou que está "solidário" com a Apple na batalha contra o FBI e a justiça norte-americana pela confidencialidade dos dados dos clientes.

"Estamos solidários com a Apple e com o Tim Cook [CEO da Apple]", disse Mark Zuckerberg durante a sua intervenção no Mobile World Congress, a maior feira de comunicações móveis que está a decorrer em Barcelona até quinta-feira.

"Não acho que exigir uma 'porta traseira' para aceder a dados encriptados vá aumentar a segurança ou que seja a opção correcta", acrescentou, sublinhando que se houver oportunidade para trabalhar com o Governo no sentido de assegurar que não haverá ataques terroristas, "obviamente aproveitaremos essa oportunidade".

A reacção do criador do Facebook surge no seguimento da polémica em torno da luta da Apple contra a justiça norte-americana, depois de no início deste mês um tribunal ter ordenado a tecnológica a criar uma solução para o FBI aceder ao conteúdo de um iPhone de Syed Farook que protagonizou um tiroteio em San Bernardino, na Califórnia, em Dezembro passado, fazendo 14 mortos.

A Apple defende que a criação desta "porta traseira" poderia abrir um precedente na política de protecção de dados e, além disso, poderia cair nas mãos erradas. Já o Governo norte-americano garante que se trata de um caso isolado.

As opiniões sobre este tema dividem-se. Além do Facebook, a Google também já manifestou o seu apoio à gigante da maçã. 

O fundador da Microsoft, Bill Gates, pelo contrário, posiciona-se do lado do FBI, tendo pedido à Apple para colaborar com o Governo norte-americano.

Em entrevista o Financial Times, Bill Gates adiantou que na sua opinião as tecnológicas "devem ser forçadas a cooperar com as autoridades em investigações sobre terrorismo". 

Internet para todos

No seu discurso na feira de Barcelona, Mark Zuckerberg voltou a relembrar a importância "da internet chegar a todos e a todo o lado. Não sei como em 2016 ainda podemos estar assim", acrescentou, referindo-se a países menos desenvolvidos onde a expansão da internet ainda não é uma realidade.

Um dos programas que o Facebook tem em marcha, o Free Basics, pretende colmatar este problema, dando acesso gratuito a um número limitado de serviços online. "Este ano, pela primeira vez, os nossos drones vão sobrevoar o mundo. E vamos colocar o primeiro satélite em África". "E isto é apenas o começo", acrescentou.

A intervenção de Mark Zuckerberg é sempre um dos momentos mais aguardados no congresso de Barcelona. Apesar da sua presença já ser frequente, este ano o fundador do Facebook surpreendeu alguns dos visitantes da feira com a sua entrada, comentada pelo próprio na sua página do Facebook, no evento da Samsung.

Para apresentar os seus novos dispositivos, a  empresa sul-coreana decidiu realizar uma apresentação fora do comum, através dos seus óculos de realidade virtual.

Enquanto os convidados ‘mergulharam’ na realidade virtual para conhecer os novos membros da família Galaxy, Zuckerberg passeou calmamente no auditório que contou com mais de cinco mil pessoas, sem ninguém se ter apercebido da presença do criador do Facebook. O momento foi captado numa fotografia, que o próprio partilhou, e gerou algumas reacções nas redes sociais sobre as eventuais ameaças do futuro da tecnologia.