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Bill Gates acredita num “milagre” energético e Melinda exige paridade de “tempo”

Se pudessem escolher super-poderes, Bill e Melinda Gates pediriam “mais energia” e “mais tempo”, respectivamente. Esta foi a premissa para a carta anual do casal, dirigida este ano aos mais jovens.

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Gates Foundation Achieves Success Across Party Lines
23 de Fevereiro de 2016 às 14:17
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Na carta anual, o casal Gates centrou a sua atenção em dois temas: energia e desigualdade de género. Bill pede uma revolução energética e Melinda por uma revolução de mentalidades que permita uma redistribuição mais justa do trabalho não pago entre homens e mulheres.

O mote para a carta deste ano surgiu depois de uma visita a uma escola no Kentucky, onde os alunos quiseram saber – entre muitas outras coisas, como por exemplo a marca favorita de cereais de cada um dos membros do casal ou que animais gostariam de ser – que super-poderes gostariam de ter.

"Em resumo, precisamos de um milagre energético", diz Bill Gates nesta missiva publicada a 22 de Fevereiro, que dedicou à importância de desenvolver fontes de energia sustentáveis e acessíveis, e de combater as alterações climáticas.

"Se queremos realmente ajudar as famílias mais pobres do mundo, precisamos de encontrar uma maneira de lhes fornecer energia barata e limpa. Barata porque todos devem ser capazes de a adquirir. Limpa porque não pode emitir dióxido de carbono – que provoca as alterações climáticas", escreve Bill Gates nesta carta, onde acrescenta que chegar às zero emissões é "um enorme desafio".


Apesar de considerar que é preciso "um milagre" para o conseguir, Bill Gates recusa-se a atirar a toalha ao chão. "Quando digo milagre, não quero dizer que algo é impossível. Vi milagres acontecer antes", diz, dando como exemplo a criação da internet ou do computador pessoal.

"Muitas ideias não vão funcionar, mas não faz mal. Cada beco sem saída vai ensinar-nos algo que nos permite continuar a avançar", sustentou, incentivando os mais jovens a procurar saber mais sobre este "desafio energético" e a estudar "arduamente ciência e matemática".

"Estou tão optimista sobre a capacidade de o mundo fazer um milagre acontecer que estou disponível para fazer uma projecção. Dentro de 15 anos – e especialmente se os jovens se envolverem –, acredito que se vai descobrir uma fonte de energia limpa inovadora capaz de salvar o nosso planeta e fornecer energia ao mundo", disse.

Uma questão de tempo

Já Melinda Gates pede uma melhor redistribuição do tempo gasto por homens e mulheres a fazer trabalho não pago. "Globalmente, as mulheres gastam em média 4,5 horas a fazer trabalho não pago. Os homens gastam menos de metade desse tempo", pode ler-se na carta, em que a milionária descreve a experiência que teve na Tanzânia, onde passou alguns dias com um casal e acompanhou as tarefas diárias da esposa.


A filantropa alerta para o "custo de oportunidade" de ter as mulheres a fazer muito mais horas de trabalho não pago, quando uma melhor redistribuição desse trabalho as permitira estudar, cuidar da sua saúde, iniciar negócios e "contribuir para o bem-estar económico em sociedades de todo o mundo".

"O mundo está a progredir ao fazer três coisas que os economistas chamam: reconhecer, reduzir e redistribuir. Reconhecer que o trabalho não pago é também trabalho. Reduzir a quantidade de energia e tempo que esse trabalho implica. E, redistribuir tarefas de forma mais equilibrada entre homens e mulheres", sustenta.

Admitindo que o problema é, em grande medida, cultural, Melinda Gates diz nesta carta que, "no final, o objectivo é mudar aquilo que consideramos normal – e não achar divertido ou estranho quando um homem coloca um avental, vai buscar os filhos à escola ou deixa uma bilhete carinhoso na lancheira do filho", conclui.

Optimistas, Bill e Melinda mostram-se confiantes na capacidade de os jovens de hoje mudarem o mundo de amanhã, mas alertam que se nada foi feito, os problemas de vão manter-se iguais.

"A não ser que as coisas mudem, as raparigas de hoje passarão centenas de horas a mais do que os rapazes a fazer trabalho não pago, simplesmente porque a sociedade assume que é sua responsabilidade", escreve Melinda.

Voltando às curiosidades dos alunos do Kentucky e cujas respostas figuram nesta carta, os cereais de pequeno-almoço de eleição de Bill Gates são os "Cocoa Puffs" e Melinda prefere "Wheat Chex". Se fossem animais, o milionário gostaria de ser um chimpanzé-pigmeu e a esposa seria um leopardo-das-neves.

Nas redes sociais, o casal convida todos a juntarem-se à discussão através da hashtag 
#superpowerforgood. "Energia e tempo são coisas importantes, mas muitas outras coisas também são. O que pode fazer para tornar o mundo melhor? Que super-poder gostaria de ter?", questionam, convidando à partilha de ideias.

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