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Têxtil e vestuário supera máximo de exportações com 16 anos

Os têxteis e vestuário quebraram em 2017 o anterior recorde de vendas no estrangeiro, que era de 2001. Apesar da dinâmica, o líder da indústria não quer "complacência face ao que está obrigada a fazer nos próximos anos".

O maior contributo para o crescimento das exportações em 2017 foi dado pelas matérias têxteis, que subiram 10% em termos homólogos. Bruno Simão
09 de Fevereiro de 2018 às 13:44
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A indústria portuguesa de têxtil e vestuário aumentou 4% as exportações em 2017, para um total de 5.237 milhões de euros. Com este valor, confirmado pelo INE esta sexta-feira, 9 de Fevereiro, o sector bate o anterior recorde absoluto de vendas no estrangeiro (5.073 mil milhões), que tinha sido fixado em 2001.

 

Em termos sectoriais, o maior contributo para este oitavo aumento anual consecutivo foi dado pelas matérias têxteis, que cresceram 10% face ao período homólogo, enquanto as exportações de vestuário e de têxteis-lar registaram subidas de 3% e 1%, respectivamente. O saldo da balança comercial neste sector chegou aos 1.098 milhões de euros, com uma taxa de cobertura de 127%.

 

Segundo os dados do comércio internacional compilados pela principal associação do sector (ATP), Espanha manteve a liderança do ranking dos melhores mercados externos, valendo 34% do total, embora tenha baixado ligeiramente (-0,6% ou dez milhões de euros) as compras a Portugal. França e Alemanha, que completam o pódio, reforçaram as suas posições relativas, registando agora quotas de 12% e 9% nesta indústria.

 

No top 10, o recuo mais significativo (-1,7%) nas exportações aconteceu no Reino Unido, com o presidente da ATP, Paulo Melo, a reconhecer que "provavelmente já [são] efeitos do Brexit". "Mesmo sem o TTIP", o acordo de comércio que estava a ser negociado entre a UE e os EUA antes de ser rasgado por Donald Trump ao chegar à Casa Branca, a maior economia do mundo aumentou em 20% as compras de têxteis e vestuário a Portugal, o equivalente a mais 54 milhões de euros.

 

Maior cautela e moderação

 

Apesar dos oito anos consecutivos de crescimento e do novo máximo nas exportações – obtido 16 anos depois com metade das empresas e dos postos de trabalho, que rondam actualmente os 137 mil –, Paulo Melo sublinhou, citado numa nota de imprensa, que "a indústria têxtil e vestuário portuguesa não descura as dificuldades e ameaças que o futuro lhe coloca, não confundindo a dinâmica de crescimento do passado com complacência face ao que está obrigada a fazer nos próximos anos".

 

E para sustentar estas cautelas, basta lembrar como nas últimas semanas este sector foi abalado pela falência de duas grandes empresas industriais, localizadas em Loures e Famalicão. O encerramento das fábricas da antiga Triumph e da Ricon é uma "nuvem" carregada de mais de mil trabalhadores, que acaba por ensombrar os indicadores que mostram uma forte recuperação no volume de negócios, produção e vendas ao exterior, com impactos extensíveis – ainda que menos expressivos – no emprego.

 

A indústria têxtil e de vestuário portuguesa não descura as dificuldades e ameaças que o futuro lhe coloca, não confundindo a dinâmica de crescimento do passado com complacência face ao que está obrigada a fazer nos próximos anos. Paulo Melo, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP)
 

Quanto ao futuro, e após ter antecipado já em 2016 o "cenário de ouro" acima dos cinco mil milhões exportados que no plano estratégico tinha definido apenas para o final da década, a nova meta de médio e longo prazo foi colocada num crescimento próximo de 30% até 2030, ultrapassando os 6,5 mil milhões de euros nas exportações.

 

"Nos indicadores avançados vemos que temos margem para continuar a crescer alguma coisa. Os últimos crescimentos foram moderados mas sustentados [entre os 4% e os 7%]. Mas crescemos sempre nos últimos oito anos. Nos próximos dois anos ainda poderemos crescer nesse nível de grandeza", perspectivou ao Negócios o director-geral da ATP, Paulo Vaz.

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