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Gant dispensa parceiro local para reabrir lojas em Portugal

Depois da falência da Ricon, com quem tinha um acordo exclusivo de distribuição, a marca de vestuário assume ao Negócios que quer gerir directamente as futuras lojas portuguesas, que podem começar a abrir em 2019.

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António Larguesa alarguesa@negocios.pt 27 de Março de 2018 às 22:00

O presidente executivo da Gant, Patrik Nilsson, garantiu ao Negócios que a empresa "não está à procura de outro parceiro" comercial em Portugal, na sequência da falência do grupo Ricon. As lojas que vier a abrir no mercado nacional vão ser geridas directamente pela marca que tem sede na Suécia, interrompendo assim o modelo adoptado há mais de duas décadas.

 

Foi ainda nos anos 1980 que a Ricon firmou uma parceria com este grupo internacional de origem americana,  tendo assegurado na altura o exclusivo da distribuição em Portugal – a primeira loja no país surgiu em 1992. Com o desaparecimento do grupo de Famalicão, incluindo a empresa (Delveste) que detinha a operação de retalho e empregava 200 pessoas, fecharam nas últimas semanas as cerca de 20 lojas que tinha no país.

 

Suécia, Inglaterra, França, Benelux e Alemanha são alguns dos mercados em que está a seguir este modelo, contando actualmente com 750 lojas próprias em todo o mundo – além dos quatro mil retalhistas com que trabalha a nível global. "Em muitos dos mercados temos o conhecimento sobre como dirigir as lojas e devemos optar por esse modelo também em Portugal", adiantou Patrik Nilsson.

 

O gestor avisa que "ainda vai demorar um bocado" até conseguir operacionalizar esse regresso, uma vez que ainda terá de estudar quais as cidades onde vai abrir esses estabelecimentos, quais as melhores localizações – "acho que vai ser uma combinação de lojas de rua e nos shoppings – e depois montar a operação de financiamento e garantir a mercadoria para abastecer essas operações.

 

Algures no próximo ano queremos, pelo menos, saber onde queremos estar e encontrar algumas localizações. Normalmente é um processo longo. Patrik Nilsson, CEO da Gant

 

"Não quero comprometer-me com uma data para ter novamente lojas abertas em Portugal. Mas diria que algures no próximo ano queremos, pelo menos, saber onde queremos estar e encontrar algumas localizações. Normalmente é um processo longo. (…) No retalho é preciso estar no sítio exacto, com a melhor localização, para ter uma boa loja", resumiu Patrik Nilsson, admitindo, porém, que o número total ficará abaixo das duas dezenas que tinha, pois "a tendência é ter menos lojas em qualquer dos mercados", até pelo "crescimento rápido" do comércio electrónico.

 

Ora, a loja online disponível em Portugal foi precisamente a primeira resposta dos suecos à crise que atravessa no país. Além disso, em resposta aos contactos directos de vários parceiros grossistas que dependiam da distribuição da Delveste, como o El Corte Inglés, a Gant está a satisfazer essas encomendas "com produções que estavam planeadas para outros mercados".

Portugal chegou a ser o melhor mercado em vendas per capita

Patrik Nilsson diz que a Gant continua a ver um grande potencial no mercado português, que mede pelo número de vendas per capital, ou seja, em função do número de habitantes do país. "Ainda há cerca de cinco anos, Portugal era o melhor mercado neste indicador. Portanto, sabemos que historicamente tínhamos uma posição forte, mas que nos últimos três ou quatro anos as coisas começaram a cair muito rapidamente devido à situação com a Ricon e com a Delveste", sustenta o gestor. O presidente executivo da sociedade com sede em Estocolmo (Suécia) admite que a Gant "precisa de reconstruir o negócio" e sabe que isso pode "demorar algum tempo". "Mas acreditamos que a marca pode reganhar a sua força e que Portugal pode tornar-se novamente um mercado forte para nós", concluiu.



Leia a entrevista ao presidente executivo da Gant, Patrik Nilsson, na edição impressa desta quarta-feira ou na versão premium online do Negócios.

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