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Sonix troca o nome e compra novas máquinas para a falida Ricon
O grupo de Barcelos assinou esta manhã contrato para retomar o fabrico de calças e casacos com 160 ex-trabalhadores, pretendendo recuperar antigos clientes. Acordo assinado em Anadia prevê renda de 17 mil euros mensais.
O Grupo Sonix assinou esta segunda-feira, 26 de Março, o contrato de arrendamento que inclui as instalações e parte dos activos da falida Ricon Industrial, situada em Ribeirão, no concelho de Vila Nova de Famalicão.
Segundo apurou o Negócios junto de fonte conhecedora do processo, o acordo com o administrador de insolvência, Pedro Pidwell, foi celebrado esta manhã, em Anadia, por um valor mensal a rondar os 17 mil euros. É válido pelo período de seis meses, com opção de renovação por mais três meses.
Samuel Costa, administrador deste grupo que tinha a concorrência da Valérius, não quis confirmar o valor do arrendamento das instalações. Porém, adiantou que estão a ser concluídas "algumas alterações na linha de produção" e calculou ao Negócios que vai ser feito um investimento adicional de cerca de 350 mil euros em novos equipamentos.
Questionado sobre a possibilidade de, daqui por nove meses, o edifício e os activos poderem ser disputados por outros interessados, assim que estiverem disponíveis para venda, o gestor responsável pelas operações disse acreditar que esse "é um risco minimizado agora" com o acordo para arrendamento. "Faremos o que estiver ao nosso alcance para assegurar o edifício e o resto dos activos depois desse período", prometeu.
Fundado há 34 anos pela antiga costureira Conceição Dias, que emprega perto de seis centenas de pessoas e factura 60 milhões de euros, o grupo Sonix já está a "produzir protótipos e pequenas séries", contando retomar ali nos próximos dias o fabrico de calças e de casacos. E vai fazê-lo pela mão de mais de 160 ex-trabalhadores recrutados das várias empresas do grupo Ricon, a quem paga 600 euros mensais e um subsídio de alimentação diário de 4,77 euros, mas agora "com clientes, métodos e processos diferentes".
O gestor da empresa têxtil de Barcelos, que entrou na corrida pela falida Ricon no início de Março, assegurou ainda que está actualmente em fase de registo e vai ser implementado em breve "uma identidade própria" para esta nova operação na área dos tecidos, com a qual acaba por diversificar a actividade têxtil – já tinha tecelagem, confecção, tinturaria e produto acabado – e alargar o portefólio de produtos.
Ainda sem contactos formais com a Gant
É que quase todos os grandes clientes internacionais a quem já vende produtos de malha – como o grupo PVH, que detém marcas como a Calvin Klein ou a Tommy Hilfiger – também têm a "necessidade transversal" de comprar artigos em tecido. Há três anos já tinha tentado arrancar com um projecto nesta área, num modelo de subcontratação, que acabou por suspender logo após as primeiras entregues precisamente por falta de capacidade de produção própria.
Com esse argumento em sua posse, além dos clientes com quem já trabalha, a Sonix pretende também "trazer [de volta] alguns dos clientes que eram fiéis à qualidade do artigo" que era fabricado nesta antiga fábrica-mãe da Ricon. "Estamos em contactos com antigos clientes", disse Samuel Costa, garantindo que "com a Gant ainda [não há] nenhum contacto oficial".
A marca de vestuário de origem americana, detida por uma empresa da Suécia, era a maior cliente da Ricon no fornecimento industrial. Além disso, a operação de retalho no mercado português era controlada pela Delveste, que fazia parte do grupo que entrou em insolvência em Dezembro de 2017 e que era liderado por Pedro Silva. Entretanto, o CEO da Gant, Patrik Nilsson, já prometeu voltar a Portugal depois de resolvida a falência do antigo parceiro.