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Tinder do vestuário faz "match" tecnológico em Portugal

A qualidade e o baixo custo dos "developers" portugueses convenceram a alemã Foursource a instalar o centro tecnológico e de desenvolvimento na zona do Porto, onde consegue também estar próxima dos fornecedores industriais.

Bloomberg
António Larguesa alarguesa@negocios.pt 09 de Março de 2018 às 16:29

A plataforma alemã Foursource, que entrou no mercado há cerca de dez meses para ligar directamente os produtores e os compradores de vestuário, decidiu instalar o seu centro tecnológico e de desenvolvimento em Portugal, um país que "não só [é] apetecível pela qualidade dos ‘developers’, como pelos honorários" que lhes são pagos.

 

Ao Negócios, o director de tecnologias (CTO), Francisco Carlão, acrescentou que propôs a vinda para a zona do Porto "por uma questão de orçamento e porque tinha contactos para construir a equipa inicial, num mercado em que já não é tão fácil captar" estes profissionais. A gestora da Bolsa portuguesa (Euronext) ou o banco de investimento Natixis são exemplos de empresas que recentemente transferiram os centros tecnológicos para a Invicta.

 

Com uma equipa de 17 pessoas instaladas num centro empresarial da Maia que reconverteu a zona da antiga fábrica de óleos AAA, o primeiro núcleo português surgiu logo em Outubro de 2016 para preparar a infra-estrutura que suporta esta ferramenta de aprovisionamento que, como resumiu ao Portugal Têxtil o responsável de segurança (CSO), Jonas Wand, "emparelha produtores e compradores de acordo com o seu perfil", como na famosa plataforma de encontros Tinder.

 

Quando uma marca de roupa precisa de contratar um fornecedor novo, a transparência fica em falta. Há um processo moroso em tempo e em dinheiro para este primeiro contacto. Francisco Carlão, CTO da Foursource

 

A ideia de negócio que levou à criação desta empresa em Berlim, que já conta com perto de 1.200 clientes e tem angariado cerca de uma centena a cada mês, surgiu de uma lacuna identificada por várias marcas de vestuário conhecidas no mercado alemão. E que acabaram por desafiar Godecke Wessel, que geria a empresa de comércio electrónico Westwing Home & Living, para ajudar a fundar e para liderar este projecto.

 

"O problema aqui é a transparência. Quando uma marca precisa de contratar um fornecedor novo, a transparência fica em falta. Há um processo moroso em tempo e em dinheiro para este primeiro contacto. A nossa aplicação tem uma base de dados, inserida pelos próprios clientes, e tem um sistema de comunicação interna que permite este primeiro contacto", resume Francisco Carlão, 40 anos, natural de Mirandela e especializado em redes e sistemas informáticos.

 

De Hong Kong ao têxtil nortenho

 

Este português que já trabalhou em países de vários continentes e em empresas de múltiplas proveniências geográficas e sectoriais, estava em Hong Kong quando o actual CEO, que conhecia de outros projectos ligados à Rocket Internet, o desafiou para ajudar no lançamento deste novo projecto, que tem também uma operação de marketing e vendas na Índia e é já usado pela espanhola Mango ou pelas marcas portuguesas Ana Sousa e Sonix Underwear, ambas de Barcelos.

 

Além da componente tecnológica e de desenvolvimento, o responsável da Foursource adiantou que, tal como já acontece na Turquia e no Vietnam, ainda este mês de Março Portugal passará a ter também uma representação comercial. O objectivo é reforçar o número de abastecedores nacionais nesta lista, onde já estão a Silsa (Barcelos), a Luís Brito Têxteis (Viana do Castelo) ou a Goldman – Oliveira & Silva (Fafe). É que, concluiu Francisco Carlão, "as marcas estão a reconhecer o produto têxtil português e a pedir mais fornecedores portugueses na base de dados".

 

Em 2017, a Alemanha reforçou o seu posicionamento como terceiro melhor mercado externo para a indústria portuguesa de têxtil e vestuário, passando a deter uma quota de 9%. Num ano em que o sector quebrou o recorde absoluto de vendas no estrangeiro, totalizando 5.237 milhões de euros, o ranking de destinos continuou a ser liderado pela Espanha (quota de 34%), com a França a conseguir reforçar também a sua posição relativa (12% do total) face ao registo do ano anterior.

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