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Tesco acusada de violação grave contra fornecedores
O regulador britânico do sector acusa a retalhista de atrasar os pagamentos a fornecedores de forma continuada e de impor deduções unilateralmente. A empresa tem quatro semanas para esclarecer como vai aplicar as recomendações da entidade.
A Tesco, a maior empresa de supermercados britânica, "violou gravemente" o código de actuação do sector ao penalizar os fornecedores com o objectivo de impulsionar as suas contas. A conclusão do regulador britânico dos supermercados, Groceries Code Adjudicator (CGA), surge numa altura em que a empresa recupera ainda do escândalo contabilístico de 2014, um dos anos mais difíceis da sua história, que levou à saída de vários responsáveis de topo da empresa.
A responsável do regulador, Christine Tacon, lançou uma investigação à Tesco em Fevereiro do ano passado, na sequência do escândalo contabilístico que empolou os resultados em 263 milhões de libras (quase 360 milhões de euros).
"A extensão dos atrasos [nos pagamentos], a natureza generalizada das práticas e comportamentos pouco razoáveis da Tesco em relação aos fornecedores preocupou-me", disse Tacon, que emitiu uma série de recomendações à retalhista. "Também me preocupou ver a Tesco dar prioridade às suas contas em vez de tratar os fornecedores juntamente", acrescentou, citada pela Reuters.
Segundo a responsável, a violação do código de conduta da Tesco reveste-se de especial gravidade dada a natureza generalizada dos atrasos nos pagamentos.
O regulador concluiu que a Tesco não agiu razoavelmente ao atrasar os pagamentos por várias vezes e por longos períodos de tempo, e urgiu o grupo a introduzir alterações significativas nas suas práticas.
O documento salienta três práticas graves, nomeadamente, as deduções unilaterais por parte da Tesco, a extensão do tempo de pagamento aos fornecedores e, em alguns casos, o atraso intencional desses mesmos pagamentos.
A Tesco tem quatro semanas para informar o regulador sobre como pretende aplicar as recomendações efectuadas.
O escândalo contabilístico da Tesco rebentou em Outubro de 2014, e conduziu à saída do então presidente Richard Broadbent, depois de se ficar a saber que o buraco nas contas da empresa era superior ao esperado. Como consequência, a Tesco fechou 2014 com um resultado líquido negativo de 5,74 mil milhões de libras (7,97 mil milhões de euros).
No âmbito deste caso, prossegue a investigação levada a cabo pelas autoridades britânicas de combate à fraude, Serious Fraud Office.
A Tesco informou em comunicado esta terça-feira, 26 de Janeiro, que aceita as conclusões do regulador e está a trabalhar para reconquistar a confiança dos fornecedores, escreve ainda a Reuters.
Dave Lewis, que teve de lidar com o escândalo contabilístico da Tesco pouco depois de se tornar CEO da empresa, desculpou-se pelo sucedido e acrescentou que a firma reorganizou a sua forma de trabalhar para que esta seja "consistente com as recomendações" realizadas.