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Parlamento chama Ricardo Salgado ao inquérito ao BES a 3 de Dezembro
Os partidos já acordaram o calendário para as audições até ao Natal. Vítor Bento é ouvido a 2 de Dezembro, o mesmo dia em que é chamado o presidente da KPMG, auditora do BES. Segue-se a família, com Salgado à cabeça.
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A comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo quer ouvir Ricardo Salgado a 3 de Dezembro. É ele que vai inaugurar o bloco de audições que os deputados querem fazer à família Espírito Santo, segundo acordaram esta quinta-feira os deputados coordenadores que compõem a comissão.
O nome de Ricardo Salgado é proposto para quarta-feira dia 3 de Dezembro pelas 16 horas. Esta foi a decisão saída da reunião de mesa e coordenadores da comissão parlamentar de inquérito, segundo apurou o Negócios junto de fonte parlamentar. Com a calendarização definida, que marcou as audições até ao Natal, a comissão tentará agora confirmar junto dos convocados se é possível, efectivamente, realizar as audições.
Salgado tem sido acusado, nas audições já realizadas, de ter desobedecido a determinações do Banco de Portugal - levando, segundo o governador Carlos Costa, a perdas de 1,5 mil milhões de euros no banco.
É Salgado que vai abrir as audições à família Espírito Santo. No dia seguinte, a 4 de Dezembro, os deputados querem ouvir José Maria Ricciardi, o primo que contestou a liderança de Salgado à frente do BES.
Segue-se a audição de Pedro Queiroz Pereira, o antigo aliado que denunciou irregularidades na Espírito Santo Control ("holding" que reúne as posições accionistas da família), para o dia 9 de Dezembro. Nesse mesmo dia, a comissão quer ouvir Álvaro Sobrinho, o presidente do BES Angola que entrou em rota de colisão com Salgado. Caso não seja possível, será o ex-administrador com o pelouro financeiro do BES, Amílcar Morais Pires, o convocado.
Manuel Fernando Espírito Santo é chamado dia 10 de Dezembro, sendo que no dia seguinte é José Maria Espírito Santo Silva que os deputados querem ouvir. Ricardo Abecassis, que liderava o BES Investimento Brasil, tem a audição marcada para dia 16 de Dezembro, o mesmo dia para que os deputados convocam o depoimento de Pedro Mosqueira do Amaral. Todos eles faziam parte do conselho superior do Grupo Espírito Santo, onde se tomavam as decisões estratégicas do grupo e do banco.
Dia 17 de Dezembro será a vez de António Ricciardi, que lidera o referido conselho superior e pai de Ricciardi, fechando o ciclo da família.
Segue-se, a 18, Joaquim Goes, antigo administrador do BES. Dia 22, António Souto e Rui Silveira, também ex-administradores do banco, são convocados.
Vítor Bento ouvido dia 2
Antes disso, dia 25 de Novembro, ainda se terá de ouvir José Ramalho, o vice-governador Banco de Portugal que já havia sido chamado dia 17 mas que, devido à dimensão das audições de Carlos Costa e Pedro Duarte Neves, também do regulador, teve de ser adiada. É ele, igualmente, o presidente do fundo de resolução, accionista único do Novo Banco até à ambicionada venda.
Para o dia 2 de Dezembro estão marcados os depoimentos de Vítor Bento, o nome escolhido para suceder a Ricardo Salgado e que permaneceu no BES após a resolução de 3 de Agosto. Saiu do Novo Banco por não concordar com a venda rápida que o Banco de Portugal queria promover. Bento já havia sido convocado pela comissão de Orçamento e Finanças mas recusou-se a ir. Não pode rejeitar a ida à comissão de inquérito, já que esta goza de poderes parajudiciais.
Nesse mesmo dia, Sikkander Sattar terá de prestar esclarecimentos aos deputados enquanto presidente da KPMG, a auditora do BES nos últimos anos.