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O que Carlos Tavares sabe da triangulação entre BES, Eurofin e empresas desconhecidas?

O esquema de financiamento que envolveu entidades do Grupo Espirito Santo através de clientes do banco e a Eurofin serviu para pagar divida do próprio GES, admitiu Carlos Tavares.

18 de Novembro de 2014 às 17:33
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"É isto que sei sobre triangulação". Carlos Tavares perdeu alguns minutos a explicar aos deputados, na audição desta terça-feira 18 de Novembro da comissão parlamentar de inquérito ao BES e ao GES, a emissão de dívida do banco que acabava comprada por clientes mas que, pelo meio, ajudava a pagar dívida de sociedades do Grupo Espírito Santo. A história é complicada e difícil de explicar. Os jornais não o têm conseguido explicar, diz o próprio Carlos Tavares. A história começa pela data. "São operações concentradas no primeiro semestre de 2014".

 

Várias entidades do GES, às vezes "o próprio BES", emitiram "um conjunto de obrigações com prazos muito longos, maioria dos quais 40 anos". O preço dessa emissão era "muito baixo", 9% do valor nominal.

 

Os títulos de dívida eram, posteriormente, colocados em algumas entidades – as chamadas contrapartes. Uma colocação que era feita através um intermediário, responsável por essa transacção. O intermediário era o suíço Eurofin. "Algumas [foram colocadas] num fundo do Luxemburgo, outras em outras contrapartes que ainda não conseguimos identificar".

 

Depois, a Eurofin voltava a vender esses títulos para a carteira de clientes do banco – "seja para a gestão de carteira seja para veículos off-shores, que detinham estas obrigações". Esses veículos emitiam acções preferenciais e estas acções eram compradas directamente pelos clientes. Ou seja, os clientes não compravam dívida dos clientes mas sim acções preferenciais de veículos que os detinham.

 

E neste caminho, o grupo conseguia ganhar dinheiro. Como? Porque quando emitia a dívida, o rendimento implícito era de 7%, "o preço a que o banco se conseguia financiar nos mercados". Já na carteira de clientes, o rendimento implícito que aqueles títulos concediam aos compradores era de 4% - "entendia-se como aceitável para o retalho".

 

Recebia 7% e pagava 4%. "A diferença de preços ficou nessas contrapartes". Algumas delas, como disse Carlos Tavares, não se sabem quem são.

 

E para que serviu essa diferença de preço? "As diferenças foram utilizadas para reembolsar dívida de outras entidades do Grupo", disse Tavares remetendo para informação que recebeu dos auditores.

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