O Banif, como existia, desapareceu. Foi alvo de uma medida de resolução, decisão tomada a duas semanas da entrada em vigor do novo regime que implicaria perdas para os grandes depositantes. Não afecta, assim, os depósitos dos clientes, mas custa milhões aos investidores. Os accionistas ficam com o chamado banco de transição que vai ser liquidado em breve. Este tem alguns activos, mas dificilmente haverá dinheiro para distribuir.

O banco que até ao fim-de-semana era liderado por Jorge Tomé foi separado em três instituições. Uma parte foi comprada pelo Santander Totta, outra é um veículo de gestão de activos que pertence ao  Estado e ao Fundo de Resolução. E há ainda o próprio Banif, que é um banco de transição, no qual "permanecerá um conjunto muito restrito de activos, que será alvo de futura liquidação, bem como as posições accionistas, dos créditos subordinados e de partes relacionadas", segundo anunciou António Costa no domingo à noite, dia 20 de Dezembro.

Esse conjunto de activos referido por António Costa inclui  nomeadamente os depósitos de partes relacionadas, ou seja, aplicações dos administradores do banco. Não se sabe se existem outros activos, nem é possível apurar qual o seu valor neste momento. Esse dinheiro, a existir, será, em primeiro lugar, distribuído pelos detentores de obrigações subordinadas. Só o que sobrar servirá para os accionistas. Daí que a perspectiva seja a de perderem tudo o que tinham aplicado em títulos do banco.

As acções do Banif negociaram pela última vez em bolsa na quinta-feira, 17 de Dezembro. Nesse dia foram suspensas por determinação do regulador do mercado, a CMVM. Estavam a 0,2 cêntimos, depois de terem chegado a cotar em apenas 0,06 cêntimos. "A suspensão vai manter-se. A CMVM vai avaliar as consequências da medida de resolução para o Banif enquanto sociedade cotada", disse fonte oficial.

A resolução levou à retirada do Banif do PSI-20, ainda não de bolsa. "A exclusão do Banif será efectiva a partir de quarta-feira, 23 de Dezembro de 2015", revelou a Euronext Lisboa, em comunicado. O PSI-20 ficará, assim, apenas com 17 cotadas. "Não haverá substituição directa deste constituinte no índice", acrescenta a bolsa. Só na revisão anual, ou seja, em Março, poderá entrar outra cotada para o lugar agora deixado vago.