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Miguel Relvas quer ser um dos donos do banco de investimento do ex-BPN
O antigo ministro e o presidente da Roff são dois dos novos accionistas da Pivot, empresa que está a comprar o Efisa. Uma entrada de capital que chega pouco mais de três meses depois do anúncio da compra.
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Miguel Relvas quer ser dono de parte da empresa que vai controlar o Banco Efisa, que pertencia ao universo BPN. O nome do ex-ministro chegou na quinta-feira ao Banco de Portugal, que tem de mostrar que não se opõe ao investimento, avançou o jornal Público e confirmou o Negócios.
"A Pivot entregou ontem, no Banco de Portugal, uma lista de potenciais investidores na ‘holding’ que vai adquirir o Banco Efisa. Em caso de não oposição do Banco de Portugal, estes potenciais investidores passarão a integrar a estrutura accionista da Pivot", indica uma resposta de fonte oficial da empresa.
Entre os investidores está Miguel Relvas, o antigo ministro, mas também se encontram outros nomes: Francisco Febrero, presidente da Roff; José Dinis Lucas, sócio fundador da sociedade de advogados Dinis Lucas & Almeida Santos; Miguel Castro Pereira, também advogado na Abreu que tem trabalhado sobre valores mobiliários; Paulo Ratilal, com ligações ao moçambicano Moza Banco; e Tereza Barbosa Amado, advogada de Cabo Verde. "São os investidores que mostraram interesse em entrar no capital da Pivot, ‘holding’ constituída com o objectivo de concorrer à privatização do Banco Efisa". No caso dos advogados, foi garantido que investem em conta própria e não em representação.
O Negócios já tinha tido informações de que Miguel Relvas estaria na estrutura do banco mas tal foi negado. Numa entrevista no final de Outubro, o director da Roland Berger que é um dos principais accionistas do Pivot, António Bernardo, recusou que Relvas fosse um facilitador da operação: "Miguel Relvas é ‘senior advisor’ da Roland Berger para o Brasil e, que eu saiba, comigo nunca esteve". Não esteve nessa altura mas, agora, quer entrar.
Em Outubro de 2015, foi anunciado que o Efisa foi vendido pelo veículo estatal Parparticipadas à Pivot SGPS, sociedade constituída a 3 de Julho (último dia do processo de venda), que tem como accionistas Mário Palhares, antigo vice-governador do Banco Nacional de Angola, António Bernardo, sócio da Roland Berger, e ainda a sociedade Aethel, de Ricardo Santos Silva e Aba Schuber. A venda, anunciada em Outubro, foi feita por 38,3 milhões de euros, muito abaixo do esforço estatal que teve de ser feito na instituição: 77,5 milhões de euros foram colocados no Efisa desde que passou para a esfera do Estado, em 2012.
Actuais reduzem posição mas objectivo não é capitalização
"Em caso de não oposição do Banco de Portugal, estes potenciais investidores passarão a integrar a estrutura accionista da Pivot", assinala fonte oficial da sociedade, justificando que a "eventual entrada de novos accionistas não implica a saída de nenhum dos actuais". Ou seja, o que vai acontecer, havendo o sim da equipa do governador Carlos Costa, é uma redução da posição dos accionistas (neste momento, a Aethel é a accionista maioritária e António Bernardo e Mário Palhares têm posições mais reduzidas).
Questionado sobre se o objectivo da entrada de novos accionistas é capitalizar o Efisa, a Pivot nega: "Não é uma questão de a Pivot necessitar de se capitalizar, uma vez que quando se apresentou a concurso para aquisição do Banco Efisa teve que dar todas as garantias financeiras para que a sua proposta tivesse consistência e pudesse ser aceite a concurso. Os investidores referidos acreditam no projecto e estão enquadrados nas geografias contempladas no plano estratégico de desenvolvimento do Banco Efisa", indica.
O comprador tem intenção, depois de obtidas todas as autorizações regulatórias, de internacionalizar o banco de investimento do antigo BPN e entre os novos compradores há representantes de pelo menos Moçambique e Cabo Verde.
O BPN foi nacionalizado em 2008. Tinha, então, 700 milhões de euros de dívida. Em 2011, foi vendido ao BIC por 40 milhões. Os activos não vendidos, como o Efisa, foram transferidos para o Estado. Até 2014, a nacionalização do banco já tinha custado 2,7 mil milhões. Mas as sociedades com activos tóxicos, como a Parparticipadas, tinham mais 2,3 mil milhões de euros de capitais próprios negativos - custos que deverão ficar para o Estado. A venda de activos, como a Efisa, serviria para abater parcialmente as perdas. No Parlamento, a estimativa era a de que as perdas, no limite, poderiam ascender a 6,5 mil milhões de euros.
(Notícia actualizada às 16h45 com indicação de novos accionistas participam em nome próprio e não em representação)