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Constâncio autorizou crédito da CGD a Berardo mas negou aos deputados
Antigo governador do Banco de Portugal disse no Parlamento que o Banco de Portugal não conseguia saber que a CGD ia financiar Berardo em 350 milhões de euros, avança o Público.
Vítor Constâncio não disse aos deputados presentes na sua audição no Parlamento que autorizou Joe Berardo a financiar-se junto da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para comprar ações do BCP, em 2007. Contraiu assim uma dívida de 350 milhões para deter até 9,99% do banco que, 12 anos depois, continua por pagar.
A autorização aconteceu nesse ano, de acordo com o jornal Público, quando Constâncio (então governador do Banco de Portugal) autorizou o pedido de Berardo. Num documento a que o jornal teve acesso, lê-se que "o conselho de administração do BdP, em sessão de 21 de agosto de 2007, deliberou não se opor à detenção pela Fundação Berardo" de uma participação qualificada "superior a 5% e inferior a 10% no capital do BCP e inerentes direitos de voto" - ou seja, é descrito o objetivo do crédito.
Contudo, até em julho o BdP tinha pedido detalhes sobre a operação, que foram recebidos a 7 de agosto: numa carta ao departamento de supervisão bancária do Banco de Portugal (BdP), a Fundação Berardo informa que pretendia investir no BCP com "fundos disponibilizados pela CGD, através de contrato de abertura de crédito em conta corrente, celebrado a 28 de maio de 2007, até ao montante de 350 milhões de euros pelo prazo de cinco anos".
E o que disse Constâncio em 2019 na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da CGD? "Como é óbvio", por "ser impossível", o BdP não conseguia saber que a CGD ia financiar Berardo, antes que o crédito fosse atribuído. "Essa ideia de que pode conhecer antes é impossível!"