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Constâncio sobre empréstimo a Berardo: "Tive conhecimento dessas operações a posteriori"

"Não omiti nem menti à Assembleia da República", garantiu o antigo governador do Banco de Portugal esta sexta-feira, lembrando que o supervisor não tem conhecimento de operações de crédito antes de serem decididas pelos bancos. Admitiu ter tido conhecimento do empréstimo a Berardo "a posteriori".

Bruno Simão/Negócios
07 de Junho de 2019 às 20:39
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Em entrevista ao telejornal da RTP1, Vítor Constâncio começou por negar novamente ter omitido informações na Assembleia da República durante a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. Admitiu ter tido conhecimento do empréstimo a Berardo "a posteriori". "Repito, tivemos conhecimento dessas operações [de comprar as ações a crédito] a posteriori". 

"O Banco de Portugal, tendo já os créditos concedidos, não os pode mandar anular", explicou o antigo governador do Banco de Portugal. "A operação a crédito já estava concedida e o BdP não tinha que saber dela", referiu, sobre o facto de o BdP ter autorizado a Fundação Berardo a levantar 350 milhões para comprar ações do BCP.

Constâncio acrescentou que "sim, sem dúvida. Claro que tive conhecimento dessa decisão". "Com certeza que sim", disse, admitindo que se lembra da troca de correspondência entre o Banco de Portugal e a Fundação Berardo, em 2007, sobre a compra de ações do BCP.

No entanto, isto não significa, para o ex-governador do BdP, que fez alguma coisa de errado. Constâncio disse também que apenas soube da intenção nessa altura (julho ou agosto de 2017), quando a operação de concessão de crédito "já estava fechada há meses", e que, por isso, "não mentiu nem omitiu nada" aos deputados da Comissão de Inquérito Parlamentar".

 

O antigo governador voltou a vincar que o Banco de Portugal não soube previamente da operação a crédito porque não tinha como ou por que saber. Não poderia também opor-se ou anular o crédito já concedido. "[O BdP] não tem competência para exigir o conhecimento prévio das operações de crédito. Não as pode impedir e não os pode mandar anular uma vez feitas", sublinhou, lembrando que só "tinha competência para objetar sobre o aumento da participação da Fundação Berardo no BCP".

 

"Não havia qualquer razão para suspeitar da idoneidade da Fundação Berardo", rematou Vítor Constâncio. 


Já numa entrevista à TSF, esta sexta-feira, Vítor Constâncio também disse que não mentiu e que o empréstimo da Caixa Geral de Depósitos a Joe Berardo era legal. Reiterou ainda que não tinha competências para ter conhecimento das operações de crédito antes de os bancos tomarem as suas decisões.

"Não omiti nem menti à Assembleia da República", garantiu. "O Banco de Portugal, como supervisor, não tem competência nem fundamento para exigir o conhecimento prévio dos créditos que os bancos dão, nem muito menos mandar anular as operações".

Constâncio acrescentou que Berardo já tinha assinada "uma operação de crédito que é legal, corrente quer em Portugal quer no estrangeiro, e que já estava dada".

Sobre se o crédito a Berardo era ruinoso, Constâncio explica "que eram dadas garantias" e que "não houve qualquer julgamento sobre esse facto".

Os deputados aprovaram por unanimidade uma nova audição a Vítor Constâncio.

Esta sexta-feira, Jorge Tomé, ex-administrador da CGD, foi ouvido no Parlamento na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos. O seu nome já tinha sido referenciado por Manuel Matos Gil, que indicou que o administrador afirmou a certa altura que se passavam "coisas estranhas" na petroquímica espanhola onde a Caixa teve perdas de 90 milhões, a La Seda. Esteve na Caixa até 2012 até sair e tornar-se presidente do Banif.

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