Os chineses da Anbang saíram da corrida pelo Novo Banco. O Banco de Portugal não chegou a acordo com a seguradora e abre agora a porta ao segundo classificado na corrida pela instituição financeira herdeira dos activos e passivos saudáveis do BES. 

"O Banco de Portugal informa que terminou ontem o período de negociação com o potencial comprador que havia sido seleccionado para a Fase IV do procedimento relativo à alienação do Novo Banco", indica o comunicado publicado pouco depois das 11h de 1 de Setembro, 11 horas depois de encerrado o prazo para as negociações directas entre o Banco de Portugal e o primeiro qualificado para ficar com a instituição financeira, os chineses da Anbang. 

As reuniões para a venda do Novo Banco estavam a ser difíceis - ter-se-ão prolongado até ao último minuto - e não houve qualquer indicação de entendimento até ao final do prazo. Havia condições que o regulador liderado por Carlos Costa considerava complexas e que poderiam trazer incertezas para o Fundo de Resolução da banca, o actual accionista do banco. Condições que não chegaram a avançar porque a proposta caiu. 

"Por não ter sido alcançado um acordo, o Banco de Portugal decidiu hoje terminar aquelas negociações e convidar para negociações, no âmbito da Fase IV, o potencial comprador que apresentou, na fase anterior, a proposta qualificada em segundo lugar", adianta ainda o mesmo comunicado.

Ao contrário do que tem sido noticiado, o convite será feito à Fosun e não aos americanos da Apollo, que ainda assim já tinha mostrado disponibilidade ao regulador do sector financeiro para negociar.

No comunicado, depois de terem fracassado as primeiras negociações directas, o regulador lembra que haverá ainda uma terceira opção: "A proposta vinculativa entregue pelo terceiro potencial comprador permanece integralmente válida". Será a Apollo, assim, a ser a terceira entidade a apresentar uma proposta final. 

A quarta fase do processo de venda do Novo Banco, que apresentou prejuízos de 251,9 milhões de euros no primeiro semestre, passa pela "pré-selecção de proposta(s), negociação (se aplicável) e decisão final", conforme definia o caderno de encargos da operação.

 

Estende-se, assim, o prazo para que haja uma decisão final relativamente à venda do Novo Banco. Criada a 3 de Agosto de 2014, a instituição liderada por Eduardo Stock da Cunha foi capitalizada através da injecção de 4,9 mil milhões de euros por parte do Fundo de Resolução da banca, que se tornou o seu accionista único. 3,9 mil milhões foram emprestados pelo Estado, os restantes mil milhões partiram de dinheiro dos bancos. O Governo tem dado a entender que não quer estender, em demasia, o prazo para a venda da instituição para não desvalorizá-la, como aconteceu com o BPN. 

Da parte do regulador, e com respaldo do Governo, o objectivo é limitar ao máximo os prejuízos de uma venda do Novo Banco - seria preciso que o banco fosse vendido por 4,9 mil milhões de euros para a alienação não trazer perdas para o Fundo de Resolução. 

(Notícia actualizada pela última vez com mais informações às 11h52 e corrigida para alterar o nome do segundo classificado que foi a Fosun e não a Apollo)