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Americanos da Apollo podem juntar aquilo que separaram

A Apollo já controla a Tranquilidade, grupo segurador que pertencia ao Grupo Espírito Santo. Está agora à frente na compra do Novo Banco. Depois de separados nove meses, a seguradora e o banco podem voltar a juntar-se.

Jonathan Alcorn/Bloomberg
01 de Setembro de 2015 às 15:07
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Lisboa, Avenida da Liberdade, 195. Sede do Novo Banco. Lisboa, Avenida da Liberdade, 242. Sede da Tranquilidade. A vida das duas empresas foi próxima ao longo das respectivas históricas, grande parte do tempo sob o Grupo Espírito Santo. Estão separadas desde Janeiro de 2015. Podem vir a estar novamente sob o mesmo chapéu. Mas, agora, sob o fundo americano Apollo, liderado por Leon Black (na foto).

 

Depois de fracassadas as negociações com a seguradora chinesa Anbang, o Banco de Portugal decidiu negociar directamente com a Apollo para a venda do Novo Banco, já que era este fundo de "private equity" o segundo melhor classificado. E, assim, Novo Banco, herdeiro dos chamados activos e passivos considerados saudáveis do Banco Espírito Santo, pode vir a juntar-se à Tranquilidade, seguradora que pertencia ao Grupo Espírito Santo.

 

Banco Espírito Santo e Tranquilidade eram activos participados maioritariamente pela Espírito Santo Financial Group. Desde o início do século XX que partilhavam os accionistas fundadores, ligados à família Espírito Santo. Assim foi até ao pós-25 de Abril de 1974, onde os principais bens privados nacionais foram nacionalizados. Em 1990, o grupo recuperou a seguradora com a ajuda do Crédit Agricole. Com a ajuda do parceiro francês, o BES é recuperado um ano depois.

 

A parceria e o controlo accionista manteve-se até 2014. Foi aí que se começou a cavar a separação entre as duas empresas, apesar de o primeiro passo até ter sido a de uma aproximação. No âmbito do "ring-fencing" determinado pelo Banco de Portugal, para combater os riscos de contágio entre o ramo financeiro e não financeiro do GES, o ESFG teve de constituir uma provisão de 700 milhões de euros para pagar papel comercial que sociedades do ramo não financeiro do GES tinham emitido e que tinha sido vendido aos balcões do BES O ESFG deu uma garantia ao BES para a constituição dessa provisão: as acções representativas do capital da Tranquilidade. Ou seja, falhando a provisão, o BES teria direito a adquirir a seguradora. 

 

Entretanto, a 3 de Agosto de 2014, o histórico BES acabou. Pelo menos, na forma em que era conhecido (Banco Espírito Santo é hoje o nome do veículo que tem os activos e passivos tóxicos da antiga instituição financeira). Foi criado o Novo Banco. Que quis exercer o direito à Tranquilidade. As acções da Tranquilidade "foram dadas em penhor financeiro ao Novo Banco para cobertura de um crédito concedido à Espírito Santo Financial Group", disse o banco em documentos oficiais.

 

Foi com base nesse entendimento – ainda que contestado em tribunal por elementos ligados à ESFG – que o Novo Banco vendeu a Tranquilidade à Apollo. A venda concretizou-se a 15 de Janeiro de 2015.

 

Foi o Novo Banco que vendeu a Tranquilidade aos americanos da Apollo. E é para o fundo americano que o banco poderá ir, depois de falhadas as negociações com o primeiro classificado na óptica do Banco de Portugal, a Anbang. São os americanos que podem juntar aquilo que, há nove meses, separaram. 

 

Juntam-se, assim, novamente, a seguradora que esteve em risco de falência por ter tentado ajudado o grupo a que pertencia. José Almaça, presidente do regulador dos seguros, chegou a falar sobre a relação entre bancos e seguradoras. E disse mesmo que a Tranquilidade andou com o BES ao colo. "A maior parte das seguradoras tem andado com os bancos ao colo". Como? Através de dividendos. "Não foi só o BES".

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