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Fiat indisponível para mudar termos financeiros de fusão com Renault
O grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) mostra-se inflexível quanto aos termos financeiros da sua proposta de fusão com a Renault, apresentada na passada segunda-feira. “É pegar ou largar”, diz o grupo italo-americano.
O grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) mostra-se inflexível quanto aos termos financeiros da sua proposta de fusão com a Renault, apresentada na passada segunda-feira, noticia esta quinta-feira, 30 de maio, o jornal francês Les Echos, citando fonte da FCA. "É pegar ou largar", diz.
"A oferta da FCA não é negociável. A proposta parece-nos justa, foi aprovada pelo conselho de administração. É pegar ou largar, e rapidamente!", refere a fonte.
Em França, foram muitas as vozes que consideram que os termos da proposta de fusão apresentada penaliza o fabricante automóvel gaulês, aproveitando a debilidade na cotação das suas ações.
A FCA baseou os termos da oferta nas cotações de 24 de maio, último dia de negociação antes da apresentação da proposta. No caso da Renault, a cotação nessa data, de 51,7 euros, é o valor mais baixo em mais de cinco anos. Antes da detenção do ex-presidente da Renault e da Nissan Carlos Ghosn, os títulos da Renault rondavam os 70 euros.
A FCA, contudo, defende a metodologia, considerando que os cálculos já incluem um prémio favorável à Renault. A 24 de maio, o grupo FCA tinha uma capitalização bolsista de 18 mil milhões de euros, enquanto a Renault estava avaliada em 14,7 mil milhões. Com estes valores, refere a FCA, os acionistas do grupo liderado pela Fiat deveriam passar a deter 55% da nova empresa e os da Renault ficariam com 45%.
Para equilibrar os termos, uma vez que a proposta é de uma fusão de iguais, a FCA propõe distribuir um dividendo extraordinário de 2,5 mil milhões de euros aos seus acionistas, o que reduziria o valor do grupo para cerca de 15,5 mil milhões de euros. Ainda assim, a FCA deveria ficar com 51,3% do novo grupo e a Renault com 48,7%, salienta a fonte ouvida pelo Les Echos. "Como a fusão é 50-50, os acionistas da Renault recebem um bónus", justifica.
Sobre a fragilidade atual da Renault nos mercados de capitais, a fonte assinala que "se a Renault é considerada subvalorizada é porque a aliança com a Nissan e a Mitsubishi não está a funcionar, deixou de gerar sinergias". "No entanto, como a Nissan recusa uma fusão neste momento esta é uma situação estrutural", acrescenta, sublinhando que também as ações da FCA sofreram uma desvalorização de 35% no último ano. "Os nossos acionistas dizem-nos que a FCA está subvalorizada, tendo em conta os lucros alcançados nos EUA. Se as condições fossem revistas não validariam a operação", afirma.
Por último, a FCA argumenta com a evolução das ações das duas empresas após o anúncio da proposta de fusão. "As ações da Renault ganharam 12% e as da FCA subiram 8%. Os mercados consideram que a operação é um negócio melhor para a Renault do que para a FCA", conclui.