Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Relvas: "Fui eu que me senti pressionado" (act)

Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares negou hoje que tenha feito pressões sobre o "Público" e diz ter-se sentido pressionado com o prazo de 32 minutos dados pela jornalista do diário para responder a perguntas.

24 de Maio de 2012 às 11:19
  • 53
  • ...
Miguel Relvas voltou hoje a negar que tenha pressionado o “Público” na semana passada, na sequência de questões colocadas pela jornalista Maria José Oliveira.

Em declarações aos jornalistas, depois de ter sido ouvido na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), Miguel Relvas falou pela primeira vez deste caso de alegadas pressões que tem marcado a agenda política nos últimos dias.

“Fiz questão de responder presencialmente à Entidade Reguladora da Comunicação Social, quando o poderia ter feito por escrito, para que não existissem dúvidas e pudesse ser feito o contraditório e para que todas as questões tivessem resposta”, afirmou o ministro, acrescentando que esteve uma semana em silêncio por entender que só deveria falar depois de ser ouvido na ERC.

“Todas as questões foram esclarecidas. Todas as dúvidas tiveram resposta”, garantiu, insurgindo-se depois acerca da forma como a jornalista do “Público” lhe fez chegar as questões sobre o artigo que estava a efectuar.

“Tenho o direito de exigir que me seja esclarecido porque é que é dado [como prazo de resposta] 32 minutos a uma pergunta que não é de actualidade, a meio da tarde, 24 horas depois de ter estado no Parlamento”, afirmou Relvas, acrescentando que “fui eu que me senti pressionado”.

Segundo revelou o ministro, foi devido a esta exigência de prazo de resposta de 32 minutos “que me insurgi junto da senhora editora do Público”, revelou Relvas, assegurando que “não houve da minha parte qualquer pressão” sobre o “Público”, nem ameaça de revelação da vida pessoal da jornalista, que o ministro garante não conhecer.

Relvas admitiu contudo que ameaçou apresentar uma queixa na ERC contra o “Público” e também de fazer um “blackout” ao jornal, mas apenas em seu nome e não de todo o Governo

“A haver um comportamento como este”, de exigir uma resposta no prazo de 32 minutos, “tenho o direito a apresentar queixa na ERC” e “deixar de falar com o Público”, revelou. “Tenho 32 minutos” para responder, questionou, considerando que isso é que deve ser considerado pressão.

Recusou também as críticas de que este Governo tem pressionado a comunicação social. “Se há governo em Portugal que tem sido transparente com a comunicação social é este”, afirmou.

“Consciência tranquila”

O caso teve início na sexta-feira, quando o Conselho de Redacção do Público revelou alegadas pressões de Relvas sobre a editora de política do jornal, na sequência de questões colocadas pela jornalista Maria José Oliveira na tarde de quarta-feira, um dia depois de Relvas ter estado no Parlamento a ser ouvido sobre o caso das Secretas.

Também a direcção do “Público”, que não publicou a notícia em causa por considerar que não continha relevância editorial, acusou Relvas de pressões. A directora, Bárbara Reis, solicitou ao ministro um esclarecimento e o jornal revelou na sexta-feira que Relvas tinha pedido desculpas.

Hoje Relvas revelou que o pedido de desculpas tinha sido sobre o tom da conversa e não sobre o seu conteúdo. “Se fui indelicado” foi sobre o tom da conversa e “não sobre a matéria”, por isso “pedi desculpa”, disse Relvas.

O ministro revelou que “nunca tive uma atitude agressiva” com a comunicação social e que neste caso, “de um lado há factos e do outro lado não há factos. Temos todos obrigações e direitos”.

Relvas falou também sobre o facto de ter optado pelo silêncio nos últimos dias sobre este caso. “Estive oito dias calado para que pudesse responder no órgão próprio. Dirigi-me à instituição que em Portugal tem competências sobre esta matéria” e agora “estou de consciência tranquila” depois de todas as perguntas colocadas pela ERC.

“Saio daqui com a consciência que não existem dúvidas sobre o meu comportamento”, acrescentou o ministro, ressalvando que “tenho o direito, em nome das minhas responsabilidades, de não ser atacado, de me poder defender”. Acrescentou que “ao longo de 20 anos de vida pública, tive relações com centenas de jornalistas. Não é agora que me acusam de pressões”.

Questionado pelos jornalistas sobre se tem condições para continuar no Governo e se está disponível para ser ouvido no Parlamento sobre o caso, Relvas respondeu que falou verdade e agora “aguardo a deliberação da ERC. Um membro do Governo está sempre disponível” para ir ao Parlamento.

Reiterou também que só conheceu Jorge Silva Carvalho, ex-director do SIED, em Abril de 2000, apesar de no “clipping” que recebeu do ex-espião, esteja uma notícia sobre uma viagem que George W. Bush efectuou ao México em 2007. “Conheci Silva Carvalho depois de Abril de 2010. É a minha palavra. Quem tiver outra prova que apresente”, argumentou.
Ver comentários
Saber mais Relvas Público ERC
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio