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Relvas teorizou sobre qualidade do jornalismo do Público em vez de explicar ameaças (act.)

A direcção editorial do Público diz que o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares se dedicou, na carta enviada à ERC, a teorizar sobre qualidade do seu jornalismo.

20 de Maio de 2012 às 20:51
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Num artigo “online” intitulado “Miguel Relvas, o jornalismo e o caso das secretas”, a direcção editorial do “Público” acusa o ministro-adjunto de não responder ao que devia.

“Na carta que enviou para a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC), com a qual pretendeu antecipar a averiguação já anunciada sobre o exercício de ameaças à jornalista do Público que tem acompanhado o ‘caso das secretas’, o ministro Miguel Relvas dedica-se a teorizar sobre a qualidade do seu jornalismo, referindo a publicação de ‘várias peças noticiosas tendentes a construir uma narrativa que os factos não confirmam em pormenores decisivos’ e sobre a prevalência de um ‘jornalismo interpretativo’ que visa ‘construir um quadro narrativo inicial e tudo fazer depois para que a realidade se adapte a esse quadro’”, refere o artigo.

E prossegue: “Contrariamente ao que seria de esperar, Miguel Relvas nada diz sobre a substância deste caso, a inadmissível promessa de retaliações à jornalista e ao jornal caso a investigação em curso sobre as suas relações com Jorge Silva Carvalho, ex-chefe do Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa, prosseguisse”.

Recorde-se que na sexta-feira o Conselho de Redacção do “Público” divulgou uma nota onde acusava Miguel Relvas de pressionar uma jornalista do meio de comunicação [Maria José Oliveira] para que uma notícia não fosse publicada no jornal. Segundo o comunicado do CR, “Relvas terá dito que, se o jornal publicasse a notícia, enviaria uma queixa à ERC, promoveria um “black out” de todos os ministros em relação ao Público e divulgaria, na Internet, dados da vida privada da jornalista”.

“A forma como o Público e a jornalista Maria José Oliveira acompanharam o caso são, por si só, a melhor prova de que as nossas notícias se pautaram pelo rigor. Noticiámos em 28 de Janeiro que Jorge Silva Carvalho tinha enviado ao Governo um relatório com um plano de reformas para as secretas, o que Miguel Relvas considerou ser ‘absolutamente falso’; voltámos a noticiar a 9 de Maio que o ministro tinha recebido do ex-espião um e-mail e sms com propostas para as secretas, o que Miguel Relvas admitiria no Parlamento; e referimos que nas suas declarações no Parlamento Relvas se lembrara de ter recebido um ‘clipping’ sobre uma visita de Bush ao México, o que contradizia a afirmação do ministro quando afirmara ter conhecido Silva Carvalho entre Março de 2010 e Junho de 2011 – a última visita de Bush ao México noticiada pela Reuters é de 2007. Em causa jamais estiveram interpretações, mas factos”, acrescenta o texto do jornal dirigido por Bárbara Reis.

Segundo o jornal, “é verdade que, apesar de todos os mecanismos de controlo, há erros ou omissões que se detectam apenas a posteriori. Não temos problemas em corrigir títulos, como reconhece Miguel Relvas, nem de adiar a publicação de notícias até que sejamos capazes de lhes acrescentar o valor informativo que as tornam indispensáveis – como fizemos na quarta-feira”.

“Ao pretender contornar esta realidade com a construção de uma imagem distorcida sobre o jornalismo do Público, Miguel Relvas elabora uma manobra de diversão. Recordemos: não é a qualidade da investigação sobre o caso das secretas que está em causa, mas a tentativa de intimidação à jornalista que a conduziu. Não dando explicações à ERC sobre os seus actos e as suas intenções, Miguel Relvas errou o alvo”, conclui o mesmo jornal.

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