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John Kerry: “Os EUA e Cuba não são mais inimigos ou rivais, mas vizinhos”
A embaixada norte-americana começou a funcionar a 20 de Julho, oito meses após o anúncio dos presidentes Barack Obama e Raúl Castro sobre uma aproximação diplomática bilateral. Esta sexta-feira, John Kerry esteve presente na cerimónia de hastear da bandeira, celebrando o retomar das relações entre os dois países depois 54 anos costas voltadas.
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"Sinto-me como se estivesse em casa" disse John Kerry durante a cerimónia do hastear de bandeira na embaixada dos EUA em Havana, que teve lugar esta sexta-feira, 14 de Agosto. O Secretário de Estado norte-americano disse que "os EUA e Cuba não são mais inimigos ou rivais, mas vizinhos", e que "é tempo fazer saber isso ao mundo". O diplomata salientou ainda que o retomar das relações bilaterais "não é um favor feito de um país para o outro", mas algo que irá beneficiar ambas as nações.
"Isto não significa que vamos esquecer o passado", salvaguardou John Kerry, citado pelo The Guardian. Os EUA continuam a acreditar que "o povo cubano seria melhor servido por uma democracia genuína, onde as pessoas são livres de escolher os seus líderes", acrescentou, citado pela Reuters.
O secretário de Estado norte-americano agradeceu ainda às autoridades suíças por "protegeram o espaço durante mais de 50 anos", e ao Papa Francisco e ao Vaticano pelos esforços conduzidos no processo de reconciliação entre os dois países.
John Kerry é o primeiro chefe da diplomacia de Washington a deslocar-se em Cuba nos últimos 70 anos. O Secretário de Estado norte-americano chegou ao país às 09h00 locais, onde foi recebido pelo encarregado de Negócios da embaixada norte-americana em Havana, Jeffrey DeLaurentis, e por funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros cubano, escreve a Lusa.
Na sua agenda estava prevista, além da cerimónia do hastear de bandeira, um encontro com o seu homólogo suíço Didier Burkhalter, com o cardeal cubano Jaime Ortega, a autoridade máxima da Igreja católica na ilha, e com o seu homólogo cubano Bruno Rodríguez.
A embaixada norte-americana começou a funcionar a 20 de Julho e o acto simbólico hoje celebrado em Havana é o ponto de partida para um caminho que não será fácil para ambos os países.
Cuba quer que os EUA levantem o embargo imposto à ilha, que devolvam a base de Guantánamo e que acabem com as transmissões de rádio e televisão que o Governo de Havana considera ilegais.
Já os EUA deverão pressionar o país no que concerne o respeito pelos direitos humanos, exigir o retorno de fugitivos a quem foi concedido asilo e que sejam devolvidos aos americanos os bens nacionalizados pelo Governo de Fidel Castro.