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Costa explica oposição do PSD na TSU com "ciúme"
"Não suportam agora que o país esteja numa situação descrispada, de diálogo social, de respeito recíproco, numa total normalidade," afirmou o primeiro-ministro, referindo-se aos sociais-democratas.
O primeiro-ministro acusa o PSD de ter mudado de posição em relação à descida da Taxa Social Única (TSU) motivado pelo "ciúme" face ao desempenho da economia do país e por "não suportar" que o país esteja a viver em "total normalidade".
"O que explica esta cambalhota do PSD é o ciúme. O PSD falhou no Governo e agora falha na oposição," afirmou, recuperando uma expressão que tinha sido usada minutos antes pelo líder parlamentar dos socialistas, Carlos César, na sua intervenção no Parlamento.
Nas declarações que encerraram o debate quinzenal desta terça-feira, 17 de Janeiro, Costa argumentou que os sociais-democratas sempre auguraram que a recuperação não se realizaria, que Bruxelas não viabilizaria o Orçamento do Estado e o Programa de Estabilidade e Crescimento e que era "aritmeticamente impossível" cumprir um défice abaixo dos 2,5%.
"Não suportam agora que o país esteja numa situação descrispada, de diálogo social, de respeito recíproco, numa total normalidade. Que o Tribunal Constitucional esteja em sossego porque durante um ano inteiro não houve um único pedido de fiscalização da constitucionalidade. É isto que o PSD não suporta", afirmou António Costa, usando a mesma expressão – "descrispado" – que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa tem utilizado para definir o actual ambiente social no país.
O primeiro-ministro desafiou mesmo o líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, a cumprir a promessa feita em Março do ano passado, de votar no PS, BE e PCP se a estratégia económica do PS funcionasse. "Felizmente não há eleições antecipadas, porque se não o senhor deputado Pedro Passos Coelho teria de cumprir a sua promessa e votar no PS, vir aqui honrar a palavra dada," afirmou.
Sobre a intenção de o PSD votar contra o decreto-lei que condiciona o aumento do salário mínimo à descida da TSU para os patrões, Costa acusou Passos de "vingança para com os parceiros sociais" por, mesmo havendo acordo na concertação, o líder social-democrata "lavar as mãos".
"Há um ano era contra o aumento do salário mínimo nacional, ia dar cabo das empresas da economia, do emprego. Agora, finge que o problema não é o salário mínimo nacional, mas a descida da TSU," acusou.
E sugeriu que, se continuar a acompanhar as posições do PCP e do BE no Parlamento – como deverá fazer no chumbo ao decreto-lei – e a tentar "criar um problema na maioria", o PSD arrisca-se a viabilizar "uma moção para que Portugal saia da NATO ou inicie uma reestruturação da dívida," bandeiras daqueles dois partidos da esquerda.