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Conversa entre Temer e Joesley divulgada pelo Supremo. Manifestantes acorrem às ruas

O Supremo Tribunal Federal entregou à Presidência da República do Brasil o áudio de uma das gravações que recebeu no âmbito da denúncia dos donos da JBS, empresa que envolveu Michel Temer num escândalo de Suborno. Horas depois, a conversa foi também disponibilizada à imprensa. Nas ruas, os ânimos incendeiam-se e os manifestantes pedem a renúncia do chefe de Estado.

19 de Maio de 2017 às 00:50
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O Brasil está em ebulição com um novo escândalo, depois de o jornal O Globo ter divulgado ontem informação envolvendo o Presidente Michel Temer num caso de suborno. Depois das manifestações de quarta-feira à noite nas ruas, esta quinta-feira – 18 de Maio – o movimento de descontentes ganhou mais força e o mote é ‘Fora Temer’. Os manifestantes querem que o Presidente renuncie, mas Temer já disse que não o fará.

 

O Presidente fez uma declaração na quinta-feira, negando o seu envolvimento em qualquer caso de suborno e afirmou que não irá renunciar. Mas entretanto o Supremo Tribunal Federal libertou a gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista, e é perfeitamente audível a parte em que o chefe de Estado diz ao dono da brasileira JBS – maior produtora mundial de proteína animal – que deve continuar a pagar "luvas" a Eduardo Cunha pelo seu silêncio.

 

Esta denúncia feita pelos irmãos Batista e mais cinco funcionários da JBS enquadra-se na figura jurídica da delação premiada, que permite a redução da pena de um arguido em troca de colaboração com a Justiça.

 

Tudo aconteceu no passado dia 7 de Março, quando Joesley Batista foi ao encontro de Michel Temer. "Joesley chegou à residência oficial do presidente com o máximo de discrição: foi a conduzir o seu próprio carro para uma reunião a dois, fora de agenda. Escondia no bolso uma arma poderosa — um gravador", relata O Globo.

 

No seu depoimento junto dos procuradores, Joesley declarou não ter sido Temer a determinar que fossem pagas "luvas", mas explicou que o Presidente tinha pleno conhecimento da operação. Até porque terá sido Temer a indicar o nome de um deputado "subornável".

 

Entre outros elementos, Joesley disse a Temer que estava a pagar a Eduardo Cunha – ex-presidente da Câmara dos Deputados que se encontra actualmente preso no âmbito da Operação Lava Jato – e ao seu então braço-direito Lúcio Funaro, igualmente detido [no âmbito da Operação Sépsis]. Tudo isto para ficarem calados.

 

A manobra pareceu ser do agrado do Presidente brasileiro, conforme denunciado. "Todo o diálogo foi gravado por Joesley. Tem trechos explosivos. Num deles, o dono da JBS relatou a Temer que estava ‘dando mesada’ [a subornar] a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro para que ambos, tidos como conhecedores de segredos de dezenas de casos escabrosos, não abrissem o bico. Temer mostrou-se satisfeito com o que ouviu. Neste momento, diminuiu um pouco o tom de voz, mas deu o seu aval: — Tem que manter isso, viu?", salienta O Globo.

 

Na gravação – com 39  minutos – hoje disponibilizada pode ouvir-se Temer dizer isso mesmo: "Tem que manter isso, viu?" (minuto 11.37).

 

Enquanto este caso está a ser investigado pelas autoridades competentes, uma vez que o Supremo já abriu investigação a Temer, as manifestações nas ruas multiplicam-se por várias cidades brasileiras, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Florianópolis, Belo Horizonte, Maceió e muitas mais.

 

Na capital federal, em Brasília, a multidão acorreu à Praça dos Três Poderes, que acolhe o Palácio do Planalto – onde se localiza o gabinete presidencial.

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