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Bolsa brasileira afunda mais de 10% com crise política

Reflexo da turbulência política que está a penalizar o país, a bolsa brasileira afunda mais de 10%, levando à suspensão da negociação por 30 minutos, o que já não acontecia desde 2008. O real está a descer mais de 5%.

18 de Maio de 2017 às 12:46
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O novo escândalo político no Brasil está a ter um forte impacto nos mercados do país, com quedas violentas no mercado accionista, cambial e também de dívida.

 

Uma instabilidade que resulta de uma nova crise política que a ameaça o presidente do país, depois da imprensa brasileira ter noticiado que Temer foi apanhado em escutas que mostram tentativas de suborno.

 

De acordo com os membros do Senado brasileiro, Temer já lhes disse que está a ser alvo de uma cilada e que este caso não vai provocar a sua destituição. O presidente do Brasil deverá fazer uma declaração ao país ainda hoje.

 

Minutos depois da abertura da sessão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) o principal índice do país afundava 10,47% para 60.470,22 pontos. Uma queda que levou os responsáveis da bolsa a ordenar a suspensão das negociações por 30 minutos, o que acontece pela primeira vez desde 2008, durante a crise financeira.  

 

Uma queda já expectável, tendo em conta a evolução em forte baixa dos activos cotados nos mercados europeus e asiáticos.

 

Antes da suspensão da negociação, várias acções registavam desvalorizações acentuadas. É o caso da eléctrica estatal Cemig (-42%), do Banco do Brasil (-25%) e da petrolífera Petrobrás (-19%). Os bancos privados também registam quedas fortes, com o Itaú a descer 18% e o Bradesco a recuar 19%. A JBS, que está no centro deste alegado caso de corrupção que envolve o presidente do Brasil, está a afundar 15%.

 


A reacção negativa também se verifica noutros activos. O real está a recuar 5,2% e a queda já chegou a ser de 6% (o máximo possível numa só sessão). Quanto à dívida soberana do país, a queda dos títulos emitidos em euros e cotados na Europa é a maior queda em três anos, com a "yield" dos títulos com maturidade em 2021 a disparar para 2,6%.  

 

O Banco Central do Brasil já avançou com intervenções no mercado cambial para travar a queda da moeda, colocando ofertas para vender 2 mil milhões de dólares. Um operador citado pela Bloomberg diz que não tem memória de um leilão desta dimensão.


Esta nova crise política coloca em causa a capacidade de Temer implementar as reformas com que se comprometeu, sobretudo no sistema de pensões, que é vista pelos mercados como essencial para o país reconquistar a confiança dos investidores.

 

"Esta crise não é apenas o habitual ruído político que penaliza os mercados. Pode ter um forte impacto na capacidade de o Governo finalizar as reformas necessárias para manter em alta o apetite dos investidores por activos do país", comentou à Reuters Sebastian Barbe, responsável pelos mercados emergentes do Credit Agricole.

O JPMorgan já cortou a recomendação para os activos brasileiros, de "overweight" para "neutral", para reflectir o "maior risco na execução e aprovação de reformas.

 

A bolsa brasileira tem recuperado fortemente nos últimos tempos, com o iBovespa a ganhar 33% nas últimas 52 semanas, reflexo da estabilidade política e melhoria da economia, que está a sair da maior recessão em cerca de 100 anos. Desde o início do ano até ao fecho de ontem o ganho era de 12%.

 

A queda dos activos brasileiros, bem como a turbulência política nos Estados Unidos, está a alastrar-se a outros mercados emergentes, com o índice MSCI a cair cerca de 1%.

 
(notícia actualizada às 14:48 com dados da abertura da bolsa)

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