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Juros da dívida portuguesa em mínimos de quase sete meses

Os juros da dívida pública portuguesa seguem a cair em quase todas as maturidades, sendo que no prazo a 10 anos já chegaram a recuar 5 pontos base para o valor mais baixo desde 24 de Outubro de 2016. A contribuir para esta tendência está um movimento global de saída da negociação bolsista de acções decorrente da instabilidade provocada por Trump e Temer.  

18 de Maio de 2017 às 16:29
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Os juros associados às obrigações de dívida portuguesa estão esta quinta-feira, 18 de Maio, a negociar em queda na generalidade das maturidades, estando a taxa de juro a 10 anos a recuar pelo terceiro dia consecutivo, ao cair 1,2 pontos base para 3,199%. Isto depois de a meio da sessão a "yield" associada às obrigações lusas com prazo a 10 anos ter chegado a cair 5 pontos base para 3,160%, a taxa de juro mais baixa desde o dia 24 de Outubro do ano passado.

 

Também o prémio de risco relativamente a dívida alemã – tida como a referência para as economias da Zona Euro – que mede o risco das obrigações portuguesas está agora nos 286 pontos base, um valor muito próximo de mínimos de Agosto do ano passado.

 

Isto numa altura em que os juros das "bunds" alemãs a 10 anos estão a recuar 2,5 pontos base para 0,352%, enquanto também noutros países considerados periféricos do bloco do euro se verifica uma quebra dos juros associados às obrigações de dívida transaccionados no mercado secundário.

 

Na maturidade a 10 anos, os juros das obrigações italianas e espanholas estão a cair 1,9 e 0,6 pontos base para 2,135% e para 1,558%, respectivamente. Já os juros da dívida grega a 10 anos, apesar de subirem 4,5 pontos base para 5,745%, mantêm a tendência verificada ao longo do mês de Maio continuando a transaccionar próximos de mínimos de 2014. Neste prazo os juros aproximam-se também dos níveis anteriores à crise da dívida grega desencadeada em 2009. 

De uma forma geral assiste-se a um aumento da procura pela dívida dos países periféricos do euro, o que se deve à diminuição dos riscos políticos na região bem como à menor volatilidade, em especial depois de terem sido forças pró-europeias a vencer as eleições legislativas e presidenciais que se realizaram já este ano na Holanda e na França.  


"Os [países] periféricos ainda têm espaço para terem um desempenho superior ao mercado", diz Ciaran O'Hagan, estrategista do Société Générale, em declarações prestadas por correio electrónico à agência Bloomberg, que acrescenta que "a perspectiva de uma menor volatilidade é muito boa para os detentores de risco de crédito". 
 

Também a contribuir para esta tendência generalizada de queda dos juros está um movimento global de saída dos investidores das negociações de títulos accionistas em bolsa, num momento particularmente marcado pela crescente instabilidade política que se vive nos Estados Unidos e também no Brasil.

 

Por um lado, tem subido de tom a polémica no caso em torno das ligações do presidente americano, Donald Trump, e respectiva administração à Rússia. A possibilidade de Trump ter demitido o director do FBI, James Comey, para parar a investigação em curso às ligações da equipa de Trump ao Kremlin trouxe para cima da mesa a possibilidade de o presidente americano ser alvo de um processo de destituição por obstrução à justiça.

 

Confrontados com esta conjuntura, os mercados temem que tal instabilidade possa contribuir para atrasar ainda mais a apresentação, e posterior implementação, do prometido plano económico de grandes investimento públicos e enormes cortes fiscais que tanto animou Wall Street na sequência da vitória de Trump nas presidenciais de 8 de Novembro do ano passado.

 

Por outro, também o reanimar da crise política que se prolonga há cerca de dois anos no Brasil está a agravar a instabilidade nos mercados bolsistas, tendo já levado o principal índice bolsista brasileiro (Bovespa) a afundar mais de 10%. O que fez com que o regulador brasileiro ordenasse a suspensão da negociação bolsista por meia hora, o que aconteceu pela primeira vez desde a crise financeira internacional de 2008. Acusado pela oposição de ter chegado à presidência brasileira através de um "golpe", Michel Temer nunca esteve tão próximo de também ele perder o seu mandato presidencial

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