A J&F Investimentos, holding que detém a empresa de carnes JBS (maior grupo privado brasileiro), chegou a acordo com o Ministério Público brasileiro para fechar as investigações em torno do processo de corrupção que assolou o Brasil e que promete dificultar a vida ao actual presidente, Michel Temer.

A multa foi fixada em 10,3 mil milhões de reais (2,8 mil milhões de euros) e representa a maior de sempre. Ainda assim, a empresa, controlada pelos irmãos Batista, beneficiou de uma redução do valor devido à sua colaboração com as autoridades, apresentando provas contra outras figuras, nomeadamente Michel Temer. Inicialmente, o Ministério Público pedia uma multa de 11,2 mil milhões de reais.

O processo contra a empresa surge depois de ter sido admitido o pagamento de 600 milhões de reais em subornos a cerca de 1.900 políticos nos últimos anos.

A redução da pena surge depois dos donos do grupo JBS terem revelado à PGR que Michel Temer incitou um dos deles, Joesley Batista, a continuar a pagar subornos a Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, que está preso, para evitar que este entrasse num acordo de delação premiada com a justiça. "Tem que manter isso, viu?", terá dito o Presidente, segundo as gravações da conversa que entretanto foram tornadas públicas.

"Os pagamentos serão feitos exclusivamente pela holding e devem começar a ser feitos em Dezembro de 2017", explicou o Ministério Público num comunicado emitido na quarta-feira, 31 de Maio, acrescentando que a empresa tem 25 anos para completar o pagamento da coima, revela a Reuters.

A Agência ANSA adianta ainda que durante este período, os valores pagos serão actualizados à inflação, pelo que as previsões apontam para que no final a multa ascenda a 20 mil milhões de reais.

A multa aplicada representa 5,62% da facturação das empresas de Joesley Batista e Wesley Batista no ano passado, que ascendeu a 183 mil milhões de reais. Esta percentagem é equivalente à média aplicada aos outros quatro acordos alcançados no âmbito do processo Lava Jato: Odebrecht, Brasken, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Ainda assim, o montante final é superior à soma destas quatro multas. A Odebrecht acordou pagar 8,5 mil milhões de reais.