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Lula defende afastamento rápido de Temer e presidente quer prova de autenticidade das gravações
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o rápido afastamento de Michel Temer da presidência do país e prometeu defender a realização de eleições directas para a escolha do próximo chefe de Estado. Já Temer disse que vai pedir a suspensão do inquérito de corrupção passiva de que é alvo até que seja confirmada a autenticidade da gravação que alegadamente o compromete.
"Nós queremos eleições directas, queremos que o Temer saia logo. Não queremos um presidente eleito indirectamente [pelo Congresso brasileiro], mas pelo povo brasileiro. Seja quem for, não importa quem for. Podemos até perder, mas que seja em processo democrático", disse o ex-presidente brasileiro Lula da Silva, citado pela agência Efe.
"Podem ter a certeza de que estarei na trincheira com vocês para recuperar a democracia neste país", acrescentou Lula da Silva.
Por seu lado, Michel Temer anunciou hoje que vai pedir a suspensão do inquérito de corrupção passiva de que é alvo no Supremo Tribunal Federal (STF) até que seja confirmada a autenticidade de uma gravação que alegadamente o compromete.
"Estamos entrando com petição no STF para suspender o inquérito até que seja verificada a autenticidade da gravação clandestina", afirmou o chefe de Estado brasileiro, numa declaração ao país.
Recorde-se que são três os crimes pelos quais Michel Temer está indiciado. No pedido de abertura de inquérito judicial contra o presidente brasileiro, Temer é acusado dos crimes de corrupção, obstrução à justiça e organização criminosa.
A acusação formalizada pelo procurador-geral da República brasileira, Rodrigo Janot, assenta naquilo que foi dito na conversa gravada entre Temer e o empresário Joesley Batista, que é um dos donos da JBS (actualmente o maior grupo privado brasileiro), cujo conteúdo foi divulgado ainda na quinta-feira.
Conversa essa que implica o presidente brasileiro não apenas no alegado suborno ao antigo presidente da Câmara dos Deputados e seu companheiro de partido no PMDB, Eduardo Cunha, mas também noutros ilícitos como crimes de mercado - em concreto relacionados com a divulgação de informações privilegiadas (abordando antecipadamente alterações nas taxas de juro) – ou obstrução à justiça dado que nada terá feito depois de saber de subornos a juízes e procuradores.