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Carlos César admite cenário de não acordo com partidos da esquerda

O líder da bancada socialista garante que "não está nenhum acordo fechado" com os partidos da esquerda parlamentar e admite, pela primeira vez, possibilidade de as forças envolvidas nas conversações não alcançarem uma alternativa credível.

Miguel Baltazar
03 de Novembro de 2015 às 15:53
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O presidente do PS notou que as negociações em curso entre socialistas e os partidos da esquerda parlamentar ainda não permitiram alcançar um acordo final e admitiu mesmo um cenário em que não seja possível obter um compromisso que assegure uma solução governativa estável. "Não está nenhum acordo fechado", afirmou Carlos César depois de ser recebido, esta terça-feira, 3 de Novembro, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Costa Neves. 

Carlos César reconheceu ainda, pela primeira vez desde o início das conversações com bloquistas e com os partidos que compõem a CDU, a possibilidade de estas forças não chegarem a um acordo que assegure uma alternativa estável e maioritária de Governo.

 

O presidente do PS reconheceu que se não chegarem a acordo com os partidos da esquerda parlamentar "vale aquilo que dissemos na noite das eleições". César referia-se à garantia então deixada pelo secretário-geral socialista, António Costa, de que o PS não iria pactuar com "um mero exercício de uma maioria negativa, apenas apostada em criar obstáculos e sem assegurar uma alternativa credível de Governo". Como tal, Carlos César avisa que o dito acordo da esquerda tem de estar "aclarado" antes da discussão e votação do programa do Governo. 

 

O antigo presidente da região autónoma dos Açores mostrou-se bem menos seguro do que na sexta-feira passada, dia da tomada de posse do novo Governo PSD/CDS. Dia em que César afiançava que o Executivo

Não acredito que um socialista prefira um Governo de direita com apoio do PS, a um governo do PS com apoio da esquerda.
Carlos César sobre a posição de Francisco Assis

recém-empossado iria cair para dar lugar a um "Governo de maioria estável". Minutos antes, depois de também ter sido recebido por Costa Neves, Pedro Filipe Soares, deputado bloquista, referia-se ao Executivo em funções como sendo "um Governo a prazo". Já o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, reiterou que os comunistas tudo farão "para que o Governo não entre em funções"

 

Agora o dirigente socialista prefere salientar que o PS só apoiará o derrube do actual Executivo "se formos simultaneamente portadores de uma alternativa duradoura e estável". "Não votaremos nem apresentaremos nenhuma moção de rejeição" se PS, BE, PCP e Os Verdes não garantirem uma alternativa credível, acrescentou. Apesar de nunca ter sido confirmada a possibilidade de uma moção de rejeição conjunta da esquerda ao programa do Governo, o PS anunciou que o rejeitaria em sede parlamentar. No encontro da Comissão Política Nacional de 22 de Outubro, este órgão aprovou sem votos contra uma moção de rejeição ao futuro programa do Governo. 

César responde a Assis e garante não acreditar que "um socialista prefira um Governo de direita"

O eurodeputado Francisco Assis não ficou sem resposta da parte do presidente do partido. Mesmo considerando ser "legítimo e até saudável que o PS tenha opiniões divergentes no seu interior", Carlos César recorre ao conhecimento que tem do partido para justificar a opção de António Costa em negociar à esquerda.

 

"Não acredito que um socialista prefira um Governo de direita com apoio do PS, a um governo do PS com apoio da esquerda", vincou César apesar de ver em Francisco Assis, que este fim-de-semana lançou uma "corrente crítica e alternativa" que já recolhe apoios no seio socialista, "um activo precioso".

 

Quanto ao mais, César assegura que a opção que o PS irá escolher dependerá da "melhor interpretação do interesse nacional", algo que diz passar pela mudança de políticas, por uma trajectória orçamental de acordo com os compromissos europeus e pelo respeito dos compromissos internacionais assumidos pelo país.

(Notícia actualizada às 16h25)

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