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Acordo à esquerda "não está totalmente fechado"
O PS e o Bloco de Esquerda sinalizaram esta manhã que o acordo de incidência parlamentar que permitirá suportar um Governo liderado por António Costa ainda não está fechado. O PCP não se quis pronunciar sobre o assunto.
Um "processo político que ainda dura" ou soluções que não estão "totalmente fechadas". Foi assim que o Bloco de Esquerda e o PS, respectivamente, descreveram esta manhã o estado do acordo à esquerda. No final da conferência de líderes, nem Pedro Filipe Soares nem Ana Catarina Mendes quiseram dar por encerradas quaisquer negociações. O PCP, com quem o PS vai hoje ter uma reunião decisiva, recusou fazer qualquer comentário.
A deputada do PS, Ana Catarina Mendes, disse aos jornalistas que ainda há trabalho em curso para fechar o acordo com o Bloco de Esquerda e o PCP. "Há conversas ainda a decorrer, não há soluções totalmente fechadas, as conversas têm decorrido com normalidade e produtividade, vamos aguardar os próximos dias", afirmou. "O acordo de uma maioria democrática" no Parlamento "está a ser feito, e haverá novidades assim que possa haver novidades".
O PS convocou para sábado e domingo a Comissão Nacional e a Comissão Política do partido, respectivamente. Oficialmente, as reuniões servem para fazer a "análise da situação política", mas em cima da mesa vai estar naturalmente o acordo que está a ser firmado à esquerda. Ana Catarina Mendes foi parca em palavras sobre o assunto: "Os órgãos estão convocados, não quero dizer mais nada".
Apesar disso, a deputada, que faz parte da direcção do PS, deu a entender que havendo uma moção de rejeição, ela seria "necessariamente" aprovada. Algo que contraria o que Carlos César dissera na véspera: "Não votaremos nem apresentaremos nenhuma moção de rejeição" se PS, BE, PCP e Os Verdes não garantirem uma alternativa credível. Ana Catarina Mendes esclareceu: "Não há nenhuma contradição naquilo que o PS tem dito. Está a trabalhar para alcançar um acordo alternativo, sólido e credível", mas ainda não está nada fechado.
Entre o PS e o Bloco de Esquerda, as coisas estão praticamente encerradas, mas Pedro Filipe Soares recusou dizer que já há acordo. Trata-se de "um processo político que ainda dura", sublinhou.
Com o PCP as coisas estão mais difíceis, estando prevista para esta noite uma reunião que os socialistas caracterizam de decisiva para aferir a disponibilidade política dos comunistas para um compromisso, tal como avançou o Negócios. João Oliveira recusou comentar o estado do acordo e questionado sobre se o silêncio do PCP reforça PSD e CDS, disse apenas: "O PSD e o CDS nunca encontrarão no PCP uma desculpa para recuperarem a força que perderam nas eleições".