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Comprar ETF de bitcoin em Portugal não tem "nenhuma vantagem"
Os Estados Unidos aprovaram, a 10 de janeiro de 2024, os primeiros 11 ETF ("Exchange Traded Fund") com exposição direta ao preço da bitcoin. Um ano depois o Negócios faz o balanço, com a ajuda da Federação Portuguesa de Associações de Cripto Economia.
Os "exchange-traded funds" (ETF) existem desde a década de 1990 e são um produto de investimento em que um fundo é transacionado em bolsa, tal como as ações. Antes, o ouro era um dos principais ativos, mas desde o ano passado a bitcoin também entrou no mundo dos ETF, o que tornou a criptomoeda mais acessível para o investidor comum.
Mas como funcionam estes ETF? Hugo Volz de Oliveira, porta-voz da Federação Portuguesa de Associações de Cripto Economia (FACE), explica: "Há uma instituição financeira regulada que, quer na América, quer na Europa, quer em outras zonas do mundo, lança um produto para o mercado com autorização do supervisor relevante e depois compromete-se a manter a exposição do produto ao ativo que está subjacente. Uma pessoa compra bitcoin ou compra um ETF de bitcoin e a instituição financeira vai comprar bitcoin pela pessoa, em vez de ser a pessoa diretamente a ir comprar".
No entanto, se noutros países os ETF de bitcoin trazem benefícios, em Portugal "existem muito poucas vantagens, quase que até podemos dizer que não existem nenhumas, a não ser, talvez, para uma empresa, para facilitar a forma como a empresa depois contabiliza a sua exposição ao criptoativo", sublinha Hugo Volz de Oliveira no programa do Negócios no canal NOW.
Tal acontece porque, em Portugal, um ETF "é tratado como um produto financeiro normal e, portanto, é tributado a nível de mais-valias no IRS a 28%", justifica.
Questionado sobre se a aprovação dos ETF veio trazer mais credibilidade à bitcoin no mercado, o porta-voz da FACE considera que a criptomoeda já "estava numa fase de maturidade muito avançada". "Aliás, foi por isso que os ETF foram finalmente aprovados após quase uma década de insistência por parte de várias instituições financeiras na América. Mas já existiam vários outros equivalentes aos ETF, por exemplo, na Europa, chamados os ETP, outros produtos que não são tão rigorosos, tão regulados, se calhar, como os ETF americanos", explica.
"Em todo caso, por causa dessa força do mercado americano, isto abriu as portas a toda uma nova classe de investidores, que não estava disposta a entrar, por assim dizer, nos meandros da criptoeconomia, da nova economia digital, e essa nova entrada acaba por aumentar a escala da criptoeconomia, porque é toda uma nova dimensão", acrescenta Hugo Volz de Oliveira, justificando também a escalada do preço da bitcoin no último ano.