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António Costa quer maioria absoluta porque “não podemos viver em situação de instabilidade”

O secretário-geral do PS insistiu, no discurso de encerramento doo congresso do PS, num tema que foi transversal a todo o congresso: a necessidade de os socialistas terem maioria absoluta nas legislativas do próximo ano.

30 de Novembro de 2014 às 14:43
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António Costa pediu uma maioria absoluta em 2015 para evitar que o país fique paralisado e refém de divergências entre parceiros de uma eventual coligação. "O objectivo do PS é um objectivo que apresentamos com clareza: apresentamo-nos com a ambição de poder oferecer a Portugal um Governo estável com política coerente e acção política consistente", sublinhou. "Candidatamo-nos com a ambição de servir Portugal dentro de uma maioria absoluta para governar".

 

Segundo o líder do PS, "na situação dificílima que o país vive não podemos viver uma situação de instabilidade, não podemos viver permanentemente com a acção governativa paralisada por divergências entre parceiros de coligação, a tomar medidas contraditórias por falta de consistência na acção governativa", destacou, numa crítica implícita ao actual Governo de maioria PSD/CDS.

 

"O país não pode estar 50 e tal dias à espera de uma coligação, 80 dias à espera de uma coligação, sobretudo num contexto em que o Presidente da República já estará muito limitado no exercício das suas competências", antecipa. Num cenário assim, "o país ficaria entregue durante muitos meses à incerteza e à agonia".

 

"À crise económica, à incerteza que grassa, não podemos acrescentar a incerteza do destino político", refere António Costa, que sugere que não se deixe "aos jogos partidários a arbitrariedade de escolher um Governo".

 

Apesar de ser "condição necessária para uma boa acção governativa", a maioria absoluta "não é condição suficiente". "Hoje ninguém é auto-suficiente na governação, hoje ninguém pode governar sozinho", afirma o secretário-geral do PS. "O país precisa tanto de uma maioria como de acordos de concertação, precisa tanto de maioria como de compromissos políticos sólidos e duradouros".

 

E a maioria que o PS deseja "é plural, aberta, dinamiza o diálogo social, a negociação colectiva mas também os compromissos políticos". A agenda para a década pode desempenhar um papel importante nesses compromissos, antecipa Costa. "Não visa ser a agenda do PS, visa ser sim o contributo do PS para junto dos parceiros procurarmos um acordo de concertação social estratégica que permita afirmar o que devem ser os objectivos comuns do país", e que "deve servir de guia ao compromisso com todas as forças políticas".

 

"Nós temos que nos concentrar na resolução dos problemas estruturais do país e ter a consciência que a resolução desses problemas é um trabalho de longo termo. Para isso é necessário concertação social e compromissos políticos", defendeu.

 

Esquerda não pode ficar no "conforto do protesto"

 

O diálogo abrangente que Costa promete fazer não estará limitado ao conhecido "arco da governação". "Não quero alimentar tabus nem quero deixar qualquer tipo de equívoco: em primeiro lugar, recusamos o conceito de arco da governação como limitando quem são os partidos representados na Assembleia da República que têm acesso e legitimidade a partilhar funções governativas", assegura. "Quem decide é o povo e ninguém se pode substituir ao povo".

 

"Que fique claro: não excluiremos os partidos à nossa esquerda da responsabilidade que também têm de não serem só partidos de protesto, mas serem também partidos de solução para os problemas nacionais", destacou o líder. Mas Costa sabe que isso não será fácil. "A vida e a minha própria experiência em Lisboa ensinou-me a não ter excessivas ilusões. Já percebi que é mesmo mais cómodo estar do lado do protesto do que da solução", criticou.

 

E deixou um aviso ao PCP e ao Bloco de Esquerda: "Meus amigos, não contarão com o PS para vos ajudar a manterem-se na posição cómoda de ficarem só no protesto e não virem também a trabalhar para a solução".

 

Costa também piscou o olho ao Livre. "Não posso deixar de valorizar os contributos políticos que têm surgido na sociedade, como é o caso do Livre, que procura romper o bloqueio da incomunicabilidade à esquerda" e acabar com um "mito" que tem sido prejudicial, segundo Costa: o da "incapacidade de a esquerda ter um diálogo produtivo e só se entender a dizer não às soluções da direita para o país".

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