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BCE revê crescimento em ligeira baixa, mas mantém inflação. Mais estímulos adiados

Perspectivas económicas estão piores, mas não muito. Por isso, por agora, a ordem é para estudar alterações que garantam que o BCE conseguirá manter o ritmo de compras de 80 mil milhões de euros por mês até Março de 2017, ou para lá disso se for necessário.

Reuters
08 de Setembro de 2016 às 15:39
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O BCE reviu em ligeira baixa a previsão de crescimento para Zona Euro, mas manteve praticamente inalterada a trajectória esperada para a inflação, anunciou o presidente do BCE em conferência da imprensa, após a reunião de Setembro do Conselho do BCE. Perante este cenário, Mario Draghi não anunciou qualquer reforço ou alteração ao programa de compra de activos, preferindo valorizar os níveis "muito substanciais" dos estímulos monetários no terreno, que deverão permanecer até que seja necessário.

As novas projecções do BCE apontam para um crescimento de 1,7% este ano, e 1,6% em 2017 e 2018, o que traduz uma "ligeira revisão em baixa" face às projecções de Junho, quando o BCE apontou uma aceleração do crescimento até 1,7% em 2018, afirmou Draghi. Para a inflação os valores permaneceram "semelhantes em termos gerais", acrescentou o presidente da instituição: 0,2% em 2016, 1,2% em 2017 e 1,6% em 2018.

Estes valores já incluem um efeito acumulado positivo dos estímulos do BCE de 0,6 pontos percentuais no crescimento dos três anos (2016 a 2018) e de 0,4 pontos percentuais na inflação, precisou o banqueiro central para defender que as políticas de Frankfurt estão a ser eficazes.

Perante estes dados, Draghi passou uma mensagem de optimismo cauteloso. As medidas do BCE estão a fazer efeito, mas os riscos são negativos pelo que é preciso estar alerta. E se por enquanto não há sinais que justifiquem mais estímulos, o BCE não hesitará em actuar se os riscos negativos se concretizarem, garantiu.

"A nossa avaliação é a de que por enquanto as alterações não justificam qualquer decisão para actuar" com mais estímulos, afirmou, sublinhando a importância do pacote que já está no terreno: "Vamos preservar os níveis muito substanciais de estímulos monetário que são necessários" para garantir a recuperação prevista, "mas os riscos são negativos", avisou, repetindo uma garantia antiga: o BCE está "preparado" e "disposto" a actuar caso considere necessário. Draghi deixou ainda um recado aos governos: as reformas estruturais deverão ser "substancialmente aceleradas" e os países que possam devem usar a política orçamental para suportar a recuperação.

A ausência de novidades levou as bolsas a caírem, após resultados positivos na manhã: às 15:30 o PSI-20 em Lisboa estava a cair 0,16%, e o europeu Stoxx-600 recuava 0,56%. Já os os juros da dívida pública subiram, com a taxa a 10 anos a regressar a valores acima dos 3%.

BCE estuda compras de dívida sem respeitar chave de capital
Na conferência de imprensa, o banqueiro central abriu caminho apenas a alterações ao programa de compras que garantam a sua "implementação suave". Foi para isso que o Conselho mandatou os "comités relevantes" do banco: deverão nas próximas semanas procurar soluções que permitam ultrapassar a escassez de títulos que compromete o plano de aquisições de 80 mil milhões de euros mensais, que continuará pelo menos até Março de 2017, e para lá disso se for necessário. 

Em causa estão limitações que resultam das regras do programa, como a necessidade de comprar obrigações de acordo com o peso de cada país na chave de capital do BCE, a impossibilidade de adquirir mais de 33% de cada emissão, ou de comprar títulos com uma taxa de juro inferior a -0,4% (o que neste momento exclui por exemplo a dívida pública alemã com maturidade até sete anos).

"O essencial é garantir que o nosso programa e as decisões que tomámos podem ser implementadas na nova constelação de taxas de juro [mais baixas], que claramente restringiu a elegibilidade de activos", afirmou, garantindo que as equipas técnica têm carta branca para estudar todas as hipóteses de ajustamento ao actual programa.

"Os comités têm mandato completo para olhar para todas as opções que possam ser usadas para redesenhar o programa à luz na nova constelação de taxas de juro, e depois o Conseho terá uma discussão sobre os vários assuntos, como aquele que refere", respondeu a um jornalista que questionou se em cima da mesa estaria também a possibilidade de desvios na repartição de compras face à participação de cada país na chave de capital do BCE – esta é uma hipótese politicamente sensível que poderia abrir caminho a mais compras de dívida pública nas economias mais frágeis como Itália ou França, e a menos compras na Alemanha.

Outras hipóteses de actuação passam por alargar o leque de activos elegíveis para incluir, por exemplo, obrigações de bancos (o BCE já compra de empresas) ou acções. Sobre estas, Draghi perece ter sinalizado que não se devem esperar novidades, pelo menos por agora, respondendo que "o nosso programa é eficaz e devemos focar-nos na implementação" de acordo com as decisões anunciadas em Março. 

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