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Relatos do BCE expressam necessidade de preservar estímulos
Na reunião de início de Setembro, o Conselho de Governadores do BCE defendeu a ideia de que era necessário reiterar o compromisso com o ritmo de compras.
Os relatos da última reunião do BCE eram aguardados com expectativa pelo mercado. Isto depois de a Bloomberg ter noticiado esta terça-feira que em Frankfurt se estavam a estudar soluções para retirar gradualmente os estímulos, com uma redução de dez mil milhões de euros no ritmo das compras mensais.
No entanto, no documento, não foi mencionado que na reunião do BCE tenha havido discussão sobre a forma de retirada dos estímulos. "É visto como importante confirmar o compromisso do conselho de Governadores de fazer compras de activos mensais de 80 mil milhões de euros, que estão planeadas até Março de 2017, ou depois disso, se necessário, e em qualquer caso até o Conselho de Governadores ver um ajustamento sustentado no caminho da inflação que seja consistente com o seu objectivo", referem os relatos da reunião de 7 e 8 de Setembro, divulgados esta quinta-feira.
Além disso, foi mencionado na reunião que "com base na informação disponível, preservar o valor muito substancial de apoios monetários, que estão incorporados nas projecções do "staff", foi necessário para assegurar o regresso das taxas de inflação para níveis abaixo, mas perto, de 2% no médio prazo".
Nas projecções macroeconómicas do BCE, as medidas tomadas pelo banco central em Dezembro de 2015 e Março de 2016 têm um impacto de 0,6 pontos percentuais no crescimento do PIB real e de 0,4 pontos percentuais na inflação no horizonte das projecções feitas. Mas realça-se que "o caminho projectado para a inflação era condicional às condições financeiras excepcionalmente suaves que reflectem a actual abordagem acomodatícia da política monetária e as expectativas que prevalecem no mercado sobre o rumo futuro da política monetária".
Estudar opções para tornar o programa mais eficaz
Assim, o Conselho de Governadores do BCE considerou que no que diz respeito à implementação do programa "não pode haver dúvidas sobre a capacidade do Conselho de Governadores em agir, se necessário". Foi atribuída a responsabilidade aos comités relevantes de "avaliarem as opções que assegurem uma implementação suave do programa alargado de compra de activos". Isto porque os membros do Conselho reconheceram que poderia "haver desafios no futuro em torno da capacidade do Eurosistema em encontrar obrigações elegíveis suficientes no mercado".
Apesar de ser reiterada a mensagem de que o BCE está pronto para agir, nos relatos há outra ideia repetida, relacionada com as políticas orçamentais. "Os membros realçaram novamente que a política monetária por si só não é suficiente para uma recuperação sustentável, e existe a necessidade de outras áreas políticas contribuírem de forma mais decisiva para apoiar a actividade económica e o potencial de crescimento".
Políticas do BCE e o impacto na rentabilidade da banca
Outra mensagem que os membros do Conselho de Governadores referiu ser necessária passar era que os problemas dos bancos europeus não são originados pelas políticas do BCE. "Foi visto como importante para o Conselho de Governadores contrabalançar as percepções erradas que começam a prevalecer das implicações adversas para o sector bancário das medidas de regulação e das acções de supervisão destinadas a assegurar a sua estabilidade e a sustentabilidade dos balanços".
Em relação ao impacto das taxas negativas na rentabilidade do sistema bancário foi referido que, "em parte, pode ser atribuído ao ambiente de baixas taxas de juro". Mas o Conselho de Governadores salientou que "os lucros baixos da banca são também explicados com as provisões relacionadas com a inda nível elevado de empréstimos em incumprimento em alguns sectores da Zona Euro e ao aumento da concorrência entre bancos".