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Juro de Portugal a dez anos acima de 3,5%

Comentários da DBRS e receios de que o BCE possa começar a reduzir o ritmo de compras pressionam as taxas das obrigações portuguesas para máximos de Fevereiro passado.

Miguel Baltazar/Negócios
06 de Outubro de 2016 às 16:21
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A taxa das obrigações portuguesas a dez anos sobe esta quinta-feira 7,3 pontos base para 3,53%, o valor mais alto desde Fevereiro. É a segunda subida consecutiva dos juros implícitos da dívida portuguesa. Isto depois de a Bloomberg ter noticiado, no final da tarde desta terça-feira, que o BCE estava a estudar formas para retirar os estímulos à economia, apontando para a possibilidade de Frankfurt começar a reduzir o ritmo do seu programa de compras de activos em dez mil milhões de euros por mês.

A notícia foi desmentida pela entidade liderada por Mario Draghi. Mas isso não impediu que provocasse subidas das taxas das obrigações dos países da Zona Euro no final de terça-feira e na sessão de quarta-feira. Nos relatos da última reunião do banco central, divulgados esta quinta-feira, o Conselho de Governadores não fez menções à retirada de estímulos e apontou para a necessidade de preservar os apoios monetários. Após essa informação, as taxas das obrigações espanholas e italianas, por exemplo, estabilizaram. Mas o mesmo não aconteceu com as obrigações portuguesas.

O efeito DBRS

A subida da taxa nacional esta quinta-feira ocorre no dia em que o responsável pela análise de "ratings" soberanos da DBRS mostrou algumas preocupações sobre Portugal. Em declarações ao Financial Times, Fergus McCormick alertou que Portugal estava num "ciclo vicioso, preso ao baixo crescimento e com grandes problemas estruturais". Apesar de se mostrar preocupado com Portugal no médio prazo reiterou que a DBRS tem uma tendência estável para o "rating" e que não "estamos em pânico".

A DBRS é a única das quatro agências de "rating" seguidas pelo BCE que avalia Portugal em grau de investimento. Mas a classificação de BBB (baixo) está apenas um patamar acima da categoria vista como "lixo" pelos mercados. Sem um programa oficial de assistência financeira, o BCE apenas aceita como colateral e inclui no seu programa de compras títulos que tenham pelo menos uma avaliação de grau de investimento.

A taxa portuguesa a dez anos transacciona no nível mais elevado desde Fevereiro, altura em que chegou a ultrapassar os 4%. Nessa fase a explicação dos analistas para essas subidas foi, além da aversão ao risco a nível global, os receios de que a DBRS pudesse baixar o "rating" na revisão que iria fazer no final de Abril. No entanto, a agência canadiana, que mesmo durante a crise de dívida avaliou Portugal acima de "lixo", não faria alterações ao "rating" nessa avaliação.

A próxima data em que a DBRS se pode manifestar sobre o "rating" de Portugal é 21 de Outubro, poucos dias depois de se conhecer a proposta do Orçamento do Estado para 2017, que tem de ser entregue até 15 de Outubro. E dado que a entidade canadiana tem nas mãos o acesso da dívida portuguesa ao BCE, os analistas têm alertado para potenciais focos de pressão sobre as obrigações nacionais até que a DBRS dê o seu veredicto. Apesar de anteverem turbulência para as obrigações nacionais, a perspectiva mais consensual é de que a agência não corte a classificação de Portugal.

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