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Washington e Seul farão exercício militar de larga escala apesar de tensão com Pyongyang

Os exercícios militares conjuntos do exército, da marinha e da força aérea dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, previstos para a última semana e meia de Agosto, terão lugar apesar do agravar da tensão com a Coreia do Norte.

Reuters
11 de Agosto de 2017 às 10:49
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Os Estados Unidos e a Coreia do Sul vão prosseguir com os previstos exercícios militares conjuntos em larga escala agendados para o final do presente mês, no que poderá ser encarado pela Coreia do Norte como uma atitude provocatória num momento de agudização da crise na península coreana.

 

O britânico The Guardian escreve esta sexta-feira, 11 de Agosto, que Washington e Seul vão mesmo realizar, entre 21 e 31 de Agosto, os testes militares dos três ramos das respectivas forças armadas (exército, marinha e força aérea). Estes exercícios envolvem milhares de militares norte-americanos e sul-coreanos e são há muito realizados enquanto forma de contenção das ambições territoriais e nucleares de Pyongyang.

 

Sabe-se que entre os exercícios regularmente feitos está previsto o cenário designado de "decapitação", referente ao assassinato do líder norte-coreano, o ditador dinástico Kim Jong-un. A imprensa especializada tem escrito sobre a alegada capacidade e prontidão do exército sul-coreano para realizar um ataque cirúrgico com vista à liquidação do terceiro da dinastia Kim.

 

Apesar dos exercícios em terra, mar e água, já estarem há muitos agendados, a verdade é que serão realizados numa conjuntura de crescente tensão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. Ontem os Estados Unidos e o Japão também iniciaram um conjunto de exercícios militares de 18 dias junto às ilhas nipónicas situadas a norte.

 

Pelo seu lado, Pyongyang afiança que, em meados do mês, terá completado o plano de ataque à ilha de Guam, altura em que, garante, já estará preparada para disparar quatro mísseis balísticos de médio-alcance (Hwasong-12) contra aquele território detido pelos Estados Unidos no Pacífico.

A presença militar americana na Coreia do Sul representa o terceiro maior contingente do exército dos Estados Unidos mobilizado em território internacional. Em Abril, os Estados Unidos posicionaram um sistema de defesa destinado a proteger o país de mísseis lançados por Pyongyang, que mantém junto à fronteira - a zona fronteiriça mais militarizada do mundo - com a parte sul da península coreana um forte dispositivo militar que os especialistas dizem ser capaz de realizar um ataque capaz de destruir a capital da Coreia do Sul, situada a poucos quilómetros da linha divisória estabelecida pelo paralelo 38.

China neutral em caso de ataque norte-coreano, expulsa navio americano

 

Perante o reforço do cenário de um conflito armado entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, a China, que é o principal parceiro comercial do regime norte-coreano, expulsou um navio militar americano (no caso o "destroyer" John S. McCain) das respectivas águas territoriais.

 

De acordo com o Renmin Ribao, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, duas fragatas chinesas expulsaram, na passada quinta-feira, o navio americano por ter entrado em águas chinesas sem a devida autorização, o que foi considerado pelas autoridades de Pequim como uma acção provocatória.

 

O incidente aconteceu no Mar do Sul da China, uma zona onde Pequim e Tóquio vêm disputando um conjunto de pequenas ilhas. Nos últimos meses têm-se sucedido movimentações, principalmente por parte da marinha chinesa, naquela região.

 

Este facto assume particular importância dado que Pequim é ainda o único aliado geopolítico da Coreia do Norte e do regime comunista vigente no país, embora se verifique um aparente afastamento face ao regime norte-coreano.

 

Prova disso mesmo foi o voto chinês favorável, no sábado passado, à aplicação de sanções à Coreia do Norte na sequência da prossecução do programa nuclear norte-coreano. O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, por unanimidade, a vaga de sanções que deixou Pyongyang ainda mais isolada.

Foram estas sanções que espoletaram o pingue-pongue de avisos e contra-respostas que marcaram a última semana. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, já falou em resposta com "fogo e fúria" às acções de Pyongyang, e ainda esta quinta-feira assegurou que esta ameaça pode somente pecar por escassa. A Coreia do Norte, que os serviços de informações americanos acreditam estar muito mais próxima do que se pensava de conseguir construir mísseis nucleares intercontinentais, não só não cedeu como tem contribuído para o escalar da tensão.  

Afinal o que pretende a China?

 

Porém, é difícil avaliar a real posição de Pequim relativamente à crise na península coreana. Esta sexta-feira, o Global Times, um jornal estatal chinês, avança que em caso de ataque norte-coreano contra os Estados Unidos a China permaneceria neutral. Já num cenário em que Washington avançasse para a deposição do governo liderado por Kim Jon-un, Pequim interviria para impedir tal acontecimento.

 

Em editorial do mesmo jornal, citado pela agência Reuters, defende-se que Pequim não está em condições de persuadir nem Washington, nem Pyongyang, a desistirem desta escalada de ameaças que tornam real um cenário de guerra nuclear.

 

Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos, em Janeiro último, Donald Trump tem instado as autoridades chinesas a exercerem influência no sentido de demoverem a Coreia do Norte das suas ambições nucleares. 

(Notícia actualizada às 11:30)

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