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Bruxelas prepara tarifas sobre as importações norte-americanas de aço, têxteis e calçado

A resposta da Comissão Europeia à decisão dos EUA de aplicar taxas sobre as importações de aço e alumínio passará por actuar de forma idêntica. Bruxelas estará a preparar-se para aplicar tarifas às importações norte-americanas de produtos como jeans, t-shirts e motas.

Reuters
Ana Laranjeiro alaranjeiro@negocios.pt 06 de Março de 2018 às 09:04

A União Europeia já tinha feito saber que ia responder à decisão dos Estados Unidos de impor tarifas às importações de aço e alumínio. E a resposta pode passar precisamente por fazer o mesmo a alguns produtos originários dos Estados Unidos. De acordo com um documento da Comissão Europeia a que a Bloomberg teve acesso, Bruxelas tem em cima da mesa a aplicação de tarifas sobre as importações norte-americanas de aço, vestuário, têxteis, calçado e alguns bens industriais.

Assim, no âmbito desta medida, bens como jeans, t-shirts, motas e milho originários dos EUA podem sofrer um agravamento da carga fiscal para poderem ser comercializados na UE. Uma fonte da Bloomberg admite mesmo que a Comissão Europeia pode colocar uma taxa alfandegária de 25% sobre estes produtos. O valor total das importações sujeitas às tarifas é de 2,8 mil milhões de euros, segundo a agência.

Na semana passada, Cecilia Malmstrom, a comissária europeia com a pasta do Comércio, admitiu que Bruxelas estava a considerar a possibilidade de impor as suas próprias tarifas de "salvaguarda" sobre as importações de aço e de alumínio. De acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio, é possível que um país coloque em prática uma acção de salvaguarda. Assim, pode restringir as importações de um determinado bem, de forma temporária, se a indústria desse mesmo país estiver sob ameaça pelo aumento das importações.

Em entrevista ao Financial Times, Cecilia Malmstrom, disse, ainda assim, que a Comissão Europeia vai esperar pelo anúncio formal por parte dos EUA destas tarifas – algo que está previsto acontecer durante esta próxima semana – para tomar uma acção.

Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, em comunicado, disse na semana passada que a União vai "reagir firmemente e proporcionalmente" para defender os seus interesses. Considerando que a imposição de tarifas vai agravar os problemas do sector, Juncker garantiu que a Europa não vai ficar parada "enquanto a nossa indústria é afectada por medidas injustas que colocam milhares de empregos europeus em risco".

Entretanto, o banco de investimento Goldman Sachs criticou a decisão de Trump de aplicar taxas sobre as importações destas matérias-primas. Para o banco, esta decisão pode prejudicar a economia mundial através de uma subida dos preços.

"As tarifas às importações tornam os EUA menos competitivos [porque] sobem os preços das matérias-primas", revela o banco numa nota, citada pela Bloomberg. "Ao impor tarifas transfronteiriças sobre as importações de aço e alumínio, o maior impacto económico será sobre o Canadá, México e UE e, ironicamente, vai aliviar o impacto económico sobre a China e a Rússia", acrescenta.

México e Canadá isentos de tarifas?

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu no Twitter que as tarifas sobre o aço e o alumínio podem não ser aplicadas ao México e ao Canadá "se os dois países assinarem um novo NAFTA".

Há algumas horas, Robert Lighthizer, Representante norte-americano do Comércio, confirmou que os EUA podem isentar tanto o México como o Canadá do pagamento destas taxas se houver um novo acordo. "A visão [do presidente Trump] é que faz sentido que, se tivermos um acordo bem-sucedido, eles sejam excluídos" do pagamento de tarifas, disse Lighthizer aos jornalistas, na Cidade do México, após a sétima ronda de negociações do NAFTA.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, terá estado ontem a debater com Donald Trump a questão das tarifas. E, segundo uma fonte da Bloomberg, Justin Trudeau disse ao presidente norte-americano que a eventual aplicação de tarifas ao Canadá constituem-se como um impedimento à negociação do NAFTA. Por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, Chrystia Freeland, reiterou, na Cidade do México, que o Canadá vai retaliar se a administração norte-americana aplicar taxas alfandegárias ao país.

Já o ministro da Economia do México, Ildefonso Guajardo, considera sensato conceder isenção ao país, no âmbito das tarifas às importações, uma vez que o México pode, igualmente, aplicar medidas ao nível comercial.

Ontem, Paul Ryan, o republicano que lidera a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, fez esta segunda-feira um apelo público ao presidente Donald Trump para recuar na imposição de tarifas sobre o aço e alumínio, temendo que a medida provoque uma guerra comercial.

Num raro confronto com Trump, o republicano aumenta a pressão sobre o presidente dos Estados Unidos para fazer marcha atrás numa medida que está a ser alvo de fortes críticas em todo o mundo e também no país.

 

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