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Casa Branca confirma que México e Canadá vão ter isenção nas tarifas sobre as importações

O conselheiro para a área do comércio da Casa Branca, Peter Navarro, confirmou nas últimas horas que o Canadá e o México vão, pelo menos para já, ficar isentos das tarifas sobre as importações de aço e alumínio.

Uma das cruzadas de Trump tem sido denunciar o que o Presidente dos EUA chama de 'manipulação cambial'. Usou o tema para atacar a China, acusando-a de manter o renmimbi artificialmente desvalorizado. E depois a Alemanha. Peter Navarro, o principal conselheiro de Trump para o comércio, veio afirmar que o país usa um euro 'amplamente subvalorizado' para ganhar vantagem comercial em relação aos Estados Unidos e a outros países da União Europeia. Os que consideram que a Alemanha é o país que mais beneficia com a moeda única não deixarão de concordar com Peter Navarro.
reuters
08 de Março de 2018 às 09:02
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A administração norte-americana, pelo menos numa primeira fase, não vai aplicar taxas alfandegárias sobre as importações de aço e alumínio provenientes do México e do Canadá. A confirmação foi dada pelo conselheiro para a área do comércio da Casa Branca, Peter Navarro, citado pela Bloomberg.

Esta isenção, contudo, fica sem efeito se os dois países não assinarem um novo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). Esta quarta-feira, Navarro disse que: "Há uma situação e o presidente já a tornou pública". "Vai haver uma provisão que vai excluir o Canadá e o México até que a questão do NAFTA esteja concluída de uma maneira ou de outra".

Já esta semana, o presidente Donald Trump tinha escrito no Twitter que podia aplicar uma isenção ao México e ao Canadá, no que diz respeito às novas tarifas sobre estes metais, se os dois países assinarem um novo Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA na sigla em inglês).

"Temos grandes défices comerciais com o México e Canadá. O NAFTA, que está agora a ser renegociado, tem sido um mau acordo para os EUA. Elevada relocalização de empresas e de empregos. As tarifas sobre o aço e alumínio vão deixar de ser aplicadas se um novo e justo acordo NAFTA for assinado. Além disso, o Canadá tem de tratar muito melhor os nossos agricultores. Muito restritivos. O México tem de fazer muito mais para impedir que drogas entrem nos EUA. Eles ainda não fizeram o que tem de ser feito. Há milhões de pessoas viciadas e a morrer", escreveu no passado dia 5 de Março o presidente dos EUA, em dois tweets.

Apesar do anúncio ter sido feito na semana passada, Trump tem ainda de assinar o documento que determina a entrada em vigor da medida, algo que pode acontecer esta semana. Não há ainda, portanto, uma deliberação formal. Contudo, parece que do lado norte-americano não há qualquer dúvida. E do lado da União Europeia também não. Ainda ontem o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, reiterou que Bruxelas vai responder se os Estados Unidos não recuarem no objectivo de aplicarem tarifas às importações dos metais.

Numa tentativa de deitar alguma água na fervura, o secretário do Comércio de Trump, Wilbur Ross, em entrevista ao Financial Times, assegurou que o presidente norte-americano vai ser "flexível" ao lidar com o Reino Unido e outros países. Embora, não haja indicações sobre a que outros países se referia Ross. "Ninguém viu ainda os detalhes daquilo que o presidente vai assinar. Por isso, é prematuro as pessoas ficarem chateadas", acrescentou.

Para esta quinta-feira está agendado um encontro do Banco Central Europeu. A expectativa do mercado é que a instituição liderada por Mario Draghi não faça alterações à política monetária da Zona Euro. Contudo, os investidores vão estar atentos à conferência de impressa do líder do BCE para tentarem encontrar pistas sobre o futuro da política monetária.

Ainda assim, a aplicação de tarifas sobre o aço e o alumínio, por parte dos EUA, e a resposta que a Europa já prometeu dar, podem abalar as perspectivas económicas para a Zona Euro – área económica em que as exportações têm dado um elevado contributo para o crescimento económico. E, segundo a Bloomberg, este pode ser um argumento usado por Draghi num debate com os responsáveis europeus que apelam a uma mudança da política monetária.

China promete responder a uma guerra comercial

A China é um dos grandes produtores mundiais de aço e alumínio. Há dias, o banco de investimento Goldman Sachs sublinhou que "ao impor tarifas transfronteiriças sobre as importações de aço e alumínio, o maior impacto económico será sobre o Canadá, México e UE e, ironicamente, vai aliviar o impacto económico sobre a China e a Rússia".

Apesar de poder não ser um dos países mais afectados pelas taxas alfandegárias, a China manteve até agora um discurso cauteloso em torno desta questão. Esta quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, em Pequim, citado pela Bloomberg, disse que "uma guerra comercial nunca é a decisão certa". "Num mundo globalizado, [uma guerra comercial] é particularmente inútil, e vai prejudicar tanto os países que a começam com os países alvo. No caso de uma guerra comercial, a China vai dar a resposta necessária e justificada", acrescentou.

Entretanto, foram conhecidos os dados das exportações chinesas. No mês passado, as exportações totais da China, a segunda maior economia do mundo, subiram 44,5% face ao mesmo período do ano anterior. Olhando apenas para as exportações de produtos para os Estados Unidos, registou-se uma subida de 46,1% face ao mesmo de Fevereiro de 2017.

As exportações de alumínio da China atingiram um máximo de três anos enquanto as exportações de aço caíram 27% nos dois primeiros meses do ano, de acordo com os dados oficiais citados pela Bloomberg.

(Notícia actualizada às 09:33 com a declaração do secretário norte-americano do Comércio)

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