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Lula directamente envolvido na operação Lava Jato

Nestor Cerveró é o primeiro delator a envolver directamente o antigo presidente do Brasil e líder do PT na maior operação de corrupção da história do Brasil. Em causa estarão dívidas do partido de Lula ao banco Schahin que terão sido "pagas" com contratos públicos sobrefacturados feitos pela Petrobras, noticia o Folha de São Paulo.

Bloomberg
Negócios 12 de Janeiro de 2016 às 13:32
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Nestor Cervoró, ex-director da área internacional da Petrobras, terá admitido que Lula da Silva lhe deu um alto cargo na empresa pública para agradecer o "apoio" que este lhe havia prestado num esquema de liquidação de dívidas do Partido dos Trabalhadores ao banco Schahin, noticia o Folha de São Paulo. A confirmar-se, Cervoró é o primeiro delator a envolver directamente Lula no enorme esquema de corrupção que está a ser investigado no âmbito da operação Lava Jato. Outros detidos já haviam implicado o antigo Presidente (assim como a actual, Dilma Rousseff) em alegadas manobras de desvio ilegal de fundos da petrolífera, mas de forma implícita.

Segundo escreve o jornal paulista, em delação premiada com a justiça Nestor Cerveró, ex-director da áera internacional da Petrobras entre 2003 e 2008, afirmou que Lula o pôs no cargo de director financeiro da BR Distribuidora em 2008 (subsidiária da Petrobras) como agradecimento pelo apoio prestado para liquidar um empréstimo de 12 milhões de reais do Partido dos Trabalhadores com o Banco Schahin.

Esse empréstimo estava em nome de José Carlos Bumlai (amigo de Lula, também já detido na operação Lava Jato) que, apesar de não ter envolvido Lula no seu depoimento, admitiu ter realizado o empréstimo com o Banco Schahin em 2004 para limpar dívidas do PT. Parte desse dinheiro terá servido para pagar o silêncio de Ronan Maria Pinto, empresário que estaria a chantagear Lula e o PT e contar quem matou Celso Daniel, antigo angariador de fundos do partido, assassinado em 2002.   

Cerveró contratou, anos depois, a Schahin Engenharia – empresa do grupo do banco– para a construção do navio-sonda Vitoria 10.000 por 1,6 mil milhões de dólares, estando em curso investigações internas na Petrobras que apontam para clientelismo e sobrefacturação e "luvas" de 25 milhões de dólares. A justiça acredita que esta adjudicação serviu para o Partido dos Trabalhadores (no poder há 12 anos) compensar o grupo Schahin pelo dinheiro dado à Bumlai em 2004 que serviria para pagar dívidas do PT. Contactado pelo Folha, o ex-presidente Lula preferiu não fazer comentários.

Justiça tributária investiga 13 bancos

A notícia surge um dia depois de o jornal Estado de São Paulo ter avançado que a justiça tributária brasileira abriu uma investigação que envolve 13 bancos – brasileiros e estrangeiros - por suspeita de branqueamento de capitais e de evasão fiscal precisamente em operações de financiamento à Schahin Engenharia. Entre os bancos sob suspeita estão o Itau Unibanco, o Bradesco, o Santander, o HSBC e o Votorantim. Os bancos, que integram o grupo de credores que emprestaram 500 milhões de dólares ao Schahin, afirmam que ficaram sem receber 350 milhões e que por isso se organizaram em bloco, tendo entrado com processos na Justiça de São Paulo e de Nova Iorque, em Maio do ano passado.

A justiça suspeita que o dinheiro era emprestado pelos bancos, no Brasil, para a Schahin Holding, mas transferiam a titularidade do crédito para uma filial do banco num paraíso fiscal. A Schahin fazia o mesmo: transferia a dívida para outra empresa do grupo, a S2 Participações, no Brasil. A S2, por sua vez, também transferia a dívida para outras empresas do grupo, localizadas em paraísos fiscais: a Deep Black Drilling LLC e a South Empire International, por exemplo, pertencentes a Milton Taufic Schahin e Salim Taufic Schahin, ambos sócios do grupo. Era como se a filial do banco no paraíso fiscal tivesse concedido o empréstimo à Deep Black Drilling LLC ou outras empresas. Os pagamentos do empréstimo também eram feitos no exterior.

Ainda segundo o Estado de São Paulo, a investigação da Lava Jato considera que a Deep Black Drilling não é uma empresa qualquer. Foi por intermédio desta que foi firmado o contrato para a construção do navio-sonda sonda Vitória 10.000 com a Petrobrás.

O ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa já admitiu, por seu turno, ter recebido luvas por ter ajudado na contratação da sonda Vitória. Segundo Musa, o pagamento foi negociado com o lobista Fernando Soares, o "Fernando Baiano", um dos delatores da Lava Jato, e com o empresário José Carlos Bumlai, amigo de Lula, tendo sido pago por várias "offshores" do grupo Schahin. Uma delas foi a mesma Deep Black Drilling.

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