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Dilma pondera oferecer cargo de ministro para livrar Lula da justiça

Imprensa brasileira escreve que está a ser pensada uma remodelação governamental para permitir ao ex-presidente do Brasil, investigado na operação Lava Jato, deixar de responder ao juiz Moro e passar a gozar de "foro privilegiado".

Reuters
Eva Gaspar egaspar@negocios.pt 09 de Março de 2016 às 16:04

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e o seu Partido dos Trabalhadores (PT) estão a ponderar uma remodelação de governo para incluir Lula da Silva entre os ministros. O ex-presidente do Brasil, investigado na operação Lava Jato, passaria assim a gozar de um estatuto especial perante a justiça, e deixaria de ser investigado pelo juiz que está a descortinar a maior rede de corrupção no país, centrada na Petrobras e noutras grandes empresas públicas.

O assunto, segundo escreve o jornal Estado de São Paulo, foi tratado numa reunião na noite desta terça-feira que ocorreu no Palácio da Alvorada, sede da presidência em Brasília, entre Lula, Dilma e vários ministros.


A estratégia é que, se ocupar uma pasta no governo, Lula não ficará nas mãos do juiz Sérgio Moro, que conduz a operação Lava Jato a partir de Curitiba (sul do país). Foi Moro que assinou o mandado para forçar Lula a depor. O mandado foi executado na última sexta-feira, no âmbito da 24ª fase da operação, depois de o ex-presidente brasileiro ter por duas vezes tentado travar o pedido de depoimento da justiça.


"Aumentou no PT a pressão para que Lula assuma um ministério, para tentar também esboçar uma reacção do governo às arbitrariedades que estão ocorrendo", afirmou um amigo do ex-presidente ao jornal. Lula, porém, estará a resistir à ideia, temendo que aceitar um cargo no governo seja entendido como uma confissão de culpa. Em 1988, antes de subir à presidência do país, Lula da Silva afirmava: "No Brasil é assim: quando um pobre rouba vai para a cadeia, mas quando um rico rouba ele vira ministro".

cotacao No Brasil é assim: quando um pobre rouba vai para a cadeia, mas quando um rico rouba vira ministro
lula da sila em 1988


A detenção de Lula para inquérito surgiu depois de Delcídio do Amaral, membro do PT e representante do governo de Dilma no Senado, ter feito um acordo de delação premiada com a justiça. Segundo a revista brasileira IstoÉ, o senador revelou que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula da Silva tinham pleno conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras, beneficiaram dele e agiram directa e pessoalmente para barrar as investigações.


De acordo com o Ministério Público e a Polícia Federal, instituições ligadas a Lula da Silva, designadamente a fundação com o seu nome, terão recebido 30 milhões de reais (7,3 milhões de euros), através de doações e do financiamento de palestras canalizados na sua maioria (cerca de 60%) através das cinco maiores empreiteiras investigadas pela Lava Jato, entre as quais a Odebrecht, cujo presidente foi ontem condenado a mais de 19 anos de prisão. 

 

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