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Brasil: Governo promete diálogo e reforma política após o maior protesto da história democrática do país

Os jornais brasileiros falam em, pelo menos, 1,8 milhões de pessoas nas ruas das principais cidades brasileiras. Só na cidade de São Paulo, um milhão de brasileiros percorreu a Avenida Paulista contra o Governo de Dilma Rousseff. O Palácio do Planalto já reagiu com promessas de diálogo e com a intenção de avançar com a reforma política e o plano anti-corrupção prometido durante a campanha eleitoral.

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Enquanto milhares de brasileiros se manifestavam nas ruas das principais cidades do país, a presidente da República estava reunida no Palácio do Planalto com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e o secretário-geral da Presidência, Miguel Rossetto. O número de pessoas que saiu às ruas para protestar contra o Governo de Dilma Rousseff e o Partido Trabalhista (PT) superou, em muito, as previsões mais pessimistas do Executivo que apontavam para 100 mil pessoas em São Paulo.

 

José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto foram os nomes escolhidos para reagir, publicamente, aos protestos de domingo. O ministro da Justiça "prometeu estender o diálogo, avançar com a reforma política e atacar as doações empresariais às campanhas eleitorais", segundo a revista brasileira Veja.

 

"Cardozo afirmou que o governo vai anunciar 'nos próximos dias' o pacote anti-corrupção prometido durante a última campanha eleitoral. Ele não deu detalhes do programa, mas disse que o foco é o combate à impunidade", escreve a revista na sua edição online.

 

Alguém que foi eleito há três meses com quase 55 milhões de votos não está enfraquecido.
 
José Eduardo Cardozo
Ministro da Justiça do Brasil

José Eduardo Cardozo recusou, porém, que o governo de Dilma Rousseff esteja fragilizado. "Alguém que foi eleito há três meses com quase 55 milhões de votos não está enfraquecido. Saber viver com os protestos e com opiniões contrárias [às nossas] faz parte de qualquer democracia", disse o ministro da Justiça, citado pela agência Bloomberg.

 

Esta segunda-feira, 16 de Março, Dilma Rousseff agendou uma reunião no Palácio do Planalto com os ministros responsáveis pela articulação política do Governo. 

 

Em declarações à Bloomberg, Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria, afirma que o Brasil vive uma "situação muito delicada", que exige maior diálogo, não só com a sociedade, mas também com o Congresso. "Os movimentos de 2013 eram difusos e compostos por diferentes agendas locais. Os protestos de 2015 são, claramente, contra o governo de Dilma e o seu grupo político, e contra as questões de corrupção", conclui Rafael Cortez.

 

O maior escândalo de corrupção na história do Brasil

 

A imagem de Dilma Rousseff foi, duramente, penalizada pelo escândalo de corrupção na Petrobras, empresa que presidiu até 2006.

 

Em Novembro do ano passado, quase duas dezenas de dirigentes das nove maiores construtoras brasileiras, entre as quais a Odebrecht e a Camargo Corrêa, dona da Cimpor, foram detidos.

 

Estas detenções surgiram na sequência de uma operação sem precedentes desencadeada pela Polícia Federal no âmbito da investigação "Lava Jato" que tenta desmontar o que se suspeita ser uma enorme teia de corrupção e de desvio de dinheiro público centrada na Petrobras, a petrolífera controlada pelo Estado brasileiro, através da qual terão sido desviados 10 mil milhões de reais (cerca de três mil

Os movimentos de 2013 eram difusos e compostos por diferentes agendas locais. Os protestos de 2015 são, claramente, contra o governo de Dilma e o seu grupo político, e contra as questões de corrupção.
 
Rafael Cortez
Analista da Tendências Consultoria

milhões de euros) designadamente para "agentes políticos" ligados ao Partido dos Trabalhadores (PT) da presidente Dilma Rousseff e de Lula da Silva e aos partidos que têm sido seus aliados no governo, o PP e o PMDB.

 

Um mês mais tarde, a 12 de Dezembro, o Ministério Público Federal brasileiro deduziu acusação a 36 pessoas no âmbito deste escândalo de corrupção. Constam da acusação 23 gestores ligados a seis grandes construtoras brasileiras – Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Engevix, OAS, UTC e Mendes Junior –, e que, segundo os jornais brasileiros, integravam o chamado "Clube do Bilhão", o alegado cartel formado para partilhar contratos públicos.

 

Também foi acusado o ex-director da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o cambista ("doleiro") Alberto Youssef, que alegadamente funcionava como pivô do esquema. De acordo com a Veja, os dois terão ajudado à investigação em troca de possível redução de pena.

 

Os últimos dados da Datafolha mostram que a taxa de aprovação de Dilma Rousseff caiu 19 pontos para 23% e que mais de três quartos dos inquiridos acreditam que a Presidente da República sabia do caso de corrupção na Petrobras. Mais de metade dos participantes diz que Dilma Rousseff permitiu que o caso ocorresse e 25% é da opinião que a Chefe de Estado sabia mas não tinha meios de o travar. 

 

(Notícia actualizada às 15h40)

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