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Brasileiros protestam com "panelaço" durante o discurso de Dilma
Em várias cidades do país, o discurso da presidente brasileira foi acompanhado de protestos contra a sua actuação no governo e contra a corrupção na Petrobrás, à qual Dilma presidiu antes de suceder a Lula da Silva.
Enquanto a presidente Dilma Rousseff falava aos brasileiros, numa intervenção de 15 minutos transmitida no domingo à noite pela rede nacional de rádio e TV, moradores em diversas cidades realizaram um "panelaço" de protesto, batendo panelas, fazendo soar buzinas e apagando e acedendo as luzes das suas casas. O protesto popular contra a actuação da presidente no governo e contra a enorme teia de corrupção instalada na Petrobras, que era liderada por Dilma até à sua subida à presidência do Brasil, foi sugerido na internet: "Vamos todos para as janelas e vaiar muito. Também vale disparar alarmes de casas e carros! Passe adiante".
Assim que começou o discurso da presidente, o primeiro da presidente Dilma Roussef à nação em 2015, os primeiros barulhos foram ouvidos. Além do Rio de Janeiro e de São Paulo, foram registrados protestos nos mesmos moldes em Brasília, Belo Horizonte e cidades do Nordeste. Muitos internautas postaram vídeos em seus canais de relacionamento e em redes sociais.
Escreve o Globo que em São Paulo as pessoas saíram às janelas dos prédios batendo panelas e gritando "fora Dilma", "fora PT", tendo alguns manifestantes aproveitaram para incentivar a manifestação a favor do "impeachment" de Dilma que está programada para o próximo domingo. Nas redes sociais, internautas comparavam o próximo dia 15 ao de 29 de Maio de 1992, quando jovens foram às ruas de cara-pintadas pedir a saído do então presidente Fernando Collor do governo, o único presidente brasileiro que acabou por ser obrigado a renunciar ao cargo.
Na TV, enquanto era alvo do protesto, Dilma disse compreender a irritação e preocupação dos brasileiros diante do cenário actual, com a inflação em alta e a economia em recessão, enquanto o Governo está a cortar em despesas, designadamente prestações sociais, para conter a derrapagem orçamental. "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira. O Brasil tem todas as condições de vencer estes problemas temporários. E esta vitória será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento".
A chefe de Estado brasileira referiu-se ainda ao escândalo de corrupção na Petrobras, empresa que presidiu até 2006. Rousseff prometeu "aplicar duramente a mão da Justiça contra os corruptos", afirmando que "é isso que vem ocorrendo nos episódios lamentáveis na Petrobras", com a investigação a realizar-se de forma "abrangente, livre e rigorosa".
Esta declaração surgiu dois dias depois da revelação de uma lista de 49 políticos, na sua maioria do PT e partidos aliados do Governo, por suspeita de envolvimento no escândalo de corrupção na petrolífera que a justiça brasileira ordenou que fossem investigados. A menção foi interpretada como uma resposta a dirigentes políticos que têm acusado o Governo de interferir e influir nas investigações levadas a cabo pela Procuradoria e pela Polícia Federal.