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Petrobras publica com dois meses de atraso balanço não auditado e sem perdas por corrupção

A estatal petrolífera não chegou a consenso sobre como calcular os prejuízos causados por alojar a que se suspeita ser a maior rede de desvios de fundos da história do Brasil, que envolve as maiores construtoras e três partidos, entre os quais o PT de Lula e Dilma. Rating poderá estar em risco.

Bloomberg
Negócios 28 de Janeiro de 2015 às 13:28
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Dois meses depois do prazo e sem o aval da auditora independente, a Petrobras divulgou nesta quarta-feira o balanço financeiro do terceiro trimestre de 2014, mas sem quantificar as perdas causadas por corrupção como era exigido pelos órgãos reguladores.

 

Após uma reunião de 11 horas, a direcção da empresa decidiu não avançar com qualquer número para os prejuízos da corrupção, anunciando um lucro líquido de três mil milhões de reais no terceiro trimestre do ano passado. O resultado representa uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior. No acumulado de Janeiro a Setembro, o lucro foi de 13,4 mil milhões de reais, uma queda de 22% na comparação com o mesmo período de 2013. O documento, divulgado após dois adiamentos e com mais de dois meses de atraso, não tem a aprovação da auditora independente PricewaterhouseCoopers.

 

O Conselho de Administração da estatal não chegou a um consenso sobre como identificar no balanço as perdas provocadas pelos desvios identificados na investigação "Operação Lava Jato".


"A companhia entende que será necessário realizar ajustes nas demonstrações contábeis para a correcção dos valores dos activos imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos actos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da Operação Lava Jato", refere a estatal em comunicado, citado pela revista Veja, segundo a qual pessoas próximas à Petrobras esperavam que a empresa reconhecesse um prejuízo de até 20 mil milhões de dólares (cerca de 52 biliões de reais), o equivalente a  42% do actual valor de mercado da petrolífera controlada pelo Estado brasileiro mas que é cotada na bolsa de São Paulo e Nova Iorque.

 

A publicação do balanço sem as "perdas contábeis" não é suficiente para satisfazer os investidores, apontam observadores do mercado financeiro, mas tem como consequência prática evitar que a estatal seja considerada em situação de "default" técnico, que ocorre se a empresa descumpre cláusulas contratuais com seus credores no exterior, entre elas o prazo para publicação dos resultados.

"Como é de notório conhecimento, a Petrobras enfrenta um momento único em sua história. Em Março de 2014, a 'Operação Lava Jato', deflagrada pela Polícia Federal com o objectivo de investigar suspeitas de lavagem de dinheiro, alcançou a Petrobras com a prisão do ex-director de Abastecimento da Companhia Paulo Roberto Costa", escreve a presidente da empresa, Graça Foster. Numa nota enviada aos investidores,  diz que  o conselho de administração concluiu "ser impraticável a exacta quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efectuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registos contábeis da companhia." 

 

As agências de rating tinham ameaçado cortar a notação da Petrobras caso esta não divulgasse os resultados e não identificasses as perdas potenciais. A empresa está no centro da maior investigação de corrupção da justiça brasileira que envolve as maiores construtoras do país e o Partido dos Trabalhadores (PP) de Lula da Silva e de Dilma Rousseff - actual presidente e antiga presidente da Petrobras - e seus aliados no governo, PP e PMDB. A empresa enfrenta ainda diversos processos judiciais nos Estados Unidos, sendo acusada de ter deliberadamente escondido os esquemas de corrupção, ludibriando quem investiu nas suas acções.

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