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Apesar da bancarrota, juiz pede à Argentina para continuar a negociar com credores
Thomas Griesa argumentou que a Argentina não pode atender só às obrigações para com os credores reestruturados e deve também atender aos que ficaram de fora da reestruturação na dívida, que ocorreu em 2005 e 2010.
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Buenos Aires deve continuar a negociar com os seus credores, considera o juíz norte-americano cuja ordem judicial provocou a entrada em "default" do país sul-americano.
"O que aconteceu esta semana não extingue ou reduz as obrigações da República da Argentina", disse Thomas Griesa esta sexta-feira (1 de Agosto) durante uma audição em Nova Iorque, citado pela Reuters.
Foi Thomas Griesa quem proibiu o país de pagar aos credores que aceitaram a reestruturação da sua dívida, enquanto não pagasse aos credores "holdout" - os que não aceitaram o corte no valor da dívida.
Na audiência, Thomas Griesa argumentou que a Argentina não pode atender só às obrigações para com os credores reestruturados e deve também atender aos que ficaram de fora do corte. A opinião do magistrado não mudou: a Argentina deve pagar aos credores "holdout".
Antes da audiência, a quarta depois de o supremo tribunal norte-americano ter rejeitado o recurso argentino, o governo de Cristina Fernandez Kirchner afirmou não ter esperança de que a posição do juiz mudasse.
"Não podemos ter expectativas positivas porque o juíz sempre teve um ponto de vista parcial", disse em Buenos Aires o porta-voz do governo argentino Jorge Capitanich.
O magistrado também sinalizou que o mediador Daniel Pollack irá manter-se como intermediário entre o governo argentino e os credores "holdout", incluindo os fundos de investimento Elliott Management e Aurelius Capital.
Buenos Aires argumentou que Daniel Pollack tinha prejudicado o país, quando declarou publicamente que a Argentina estava em risco "iminente de bancarrota", mas o juiz considera que o nome é para manter. O comentário ocorreu na quarta-feira (30 de Julho), último dia antes de entrada em "default".
Griesa também criticou o governo Kirchner pelas suas declarações públicas que são "confusas e formadas por meias verdades".
Enquanto decorria a audiência em Nova Iorque, a Argentina entrou oficialmente em incumprimento de crédito. A decisão foi tomada pela International Swaps and Derivativas Association (ISDA).
Desta forma, a ISDA declarou que Buenos Aires entrou em "evento de falência de crédito". A decisão vai accionar os seguros que protegem os investidores contra esta possibilidade, conhecidos por "credit-default swaps" (CDS).
Este valor pode agora alcançar os mais de mil milhões de dólares (744 milhões de euros) em prémios a serem pagos aos investidores que contratualizaram seguros.
Para os investidores que não tenham seguro, a entrada em bancarrota da Argentina não vai dar lugar, logicamente, a nenhum pagamento.
Recorde-se que a ISDA conta com mais de 800 membros, incluindo empresas, governos, organizações multinacionais, empresas seguradoras, de energia e matérias-primas, gestores de investimento e bancos.
Por outro lado, tem estado a ser noticiado na Argentina que vários bancos, incluindo o norte-americano JPMorgan Chase, podem juntar-se para resolver a questão directamente com os credores relutantes.
Já os bancos argentinos tentaram unir esforços para comprar a dívida dos credores relutantes, mas até agora não foi alcançado nenhum acordo para proceder à compra.