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Varoufakis diz que privatizações podem avançar, mas ministro da Energia garante que vão parar

Três versões sobre o mesmo tema. Governo grego disse aos credores que "vai respeitar" as privatizações em curso. Já o ministro das Finanças disse que as vendas já iniciadas vão avançar, mas podem sofrer alterações. Enquanto isso, o ministro da Energia diz mesmo que vão parar.

Reuters
25 de Fevereiro de 2015 às 12:24
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Começam a surgir contradições no Governo grego em relação às medidas do programa de ajustamento, depois de Atenas ter obtido uma extensão do empréstimo em mais quatro meses. 

 

A grande discussão agora em Atenas passa pelas privatizações. O Governo grego prometeu aos parceiros europeus que não vai recuar nas "privatizações já realizadas" e que "vai respeitar" os processos actualmente em curso. No acordo com o Eurogrupo, Atenas admite rever somente as vendas que ainda não passaram do papel, de intenções.

 

Isto mesmo foi garantido esta quarta-feira, 25 de Fevereiro, pelo ministro das Finanças helénico que disse que não vai haver recuo nas "privatizações que já foram feitas". Yanis Varoufakis declarou também, em relação às vendas em curso, que o "Governo grego pode implementar a lei e mudar alguns termos e também examinar a sua legalidade", disse à rádio grega Real FM, segundo a Reuters.  Isto é, as privatizações em curso podem avançar, estando, contudo, sujeitas a alterações.

 

Ora, é precisamente aqui que começam as contradições dentro do Governo liderado por Alexis Tsipras. No próprio dia em que o Yanis Varoufakis apontou que as vendas não estão em risco, o ministro da Energia garantiu que as privatizações no sector vão mesmo parar.

 

"As empresas não submeteram propostas vinculativas, portanto as privatizações não vão ficar completas", disse Panagiotis Lafazanis ao jornal Ethos, citado pela Reuters.

 

"A proposta pela ADMIE [distribuidora de energia] não vai avançar. Este é também o caso da PPC [produtora de energia]", apontou.

 

Os discursos contraditórios dos dois membros do Governo de Alexis Tsipras poderão ser uma questão de interpretação do acordo com o Eurogrupo.

 

Mas as declarações de Panagiotis Lafazanis, feitas após a aprovação das reformas para a Grécia, não deixam margens para dúvidas. "Tudo o que eu já disse até hoje continua completamente válido", disse o ministro, que é também líder da facção mais esquerdista do Syriza, a Plataforma de Esquerda.

 

Foi Lafazanis quem anunciou no final de Janeiro a suspensão imediata das privatizações logo após o Syriza ter vencido as eleições gregas. Vamos tratar de fazer com que a eletricidade seja mais barata para impulsionar a competitividade e ajudar as famílias", disse então, antes da primeira reunião do Executivo.

 

O processo de venda de 66% da ADMIE foi lançado em Abril do ano passado, com a italiana Terna, a chinesa State Grid (accionista da REN) entre os potenciais interessados na empresa. Já a venda de 30% da PPC foi aprovada em Julho pelo Parlamento grego.

 

A saga em torno das privatizações na Grécia vai ser seguida de perto pelos credores internacionais pois as vendas representam um encaixe para os cofres do Estado helénico.

  

Além da ADMIE e da PPC, também estão previstas vendas de fatias de várias empresas públicas, como do maior porto grego, Piraeus, a refinaria Hellenic Petroleum, assim como a venda de 65% da empresa de gás natural DEPA. Mas no final de Janeiro o ministro da Energia veio a público dizer que esta venda não ia avançar.

 

Desde o primeiro resgate que o Governo grego já arrecadou 3,1 mil milhões de euros em privatizações. No total, o programa da troika prevê um encaixe de 22 mil milhões de euros.

 
O que é que prometeu o Syriza?
No programa de Salónica, a base do Governo de Alexis Tsipras para os próximos quatro anos, não existe nenhuma referência às privatizações.
 
Contudo, o Syriza prometia electricidade grátis para 300 mil famílias que vivem abaixo da linha de pobreza. Esta medida tinha um custo estimado de 59 milhões de euros.
 
A nível energético também prometia baixar a taxa sobre o aquecimento para as famílias e o gasóleo.
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