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De Grauwe: "A dívida grega é insustentável mas os credores estão em modo de negação"

O economista da London School of Economics defende que o novo Governo de Atenas tem capacidade para fazer reformas e convencer os credores, mas aponta que o norte da Europa tem de ultrapassar o sentimento de desconfiança que ainda persiste face à Grécia.

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Greek Austerity Programs a Failure: De Grauwe
25 de Fevereiro de 2015 às 13:26
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O economista Paul de Grauwe acredita que o acordo alcançado entre a Grécia e os parceiros europeus para um prolongamento do programa de assistência por quatro meses não resolve os problemas do país. Em entrevista à Bloomberg, sublinha que a dívida grega é "insustentável", sendo inevitável uma reestruturação. 

 

"Dentro de quatros meses teremos o mesmo problema novamente. O acordo é só para quatro meses, mas os mesmos problemas vão acabar por surgir", referiu o economista. "A dívida grega é insustentável. Os países credores ainda estão em modo de negação do problema, que vai voltar".


Nesse sentido, Paul de Grauwe acredita ser "necessário" realizar uma segunda operação de reestruturação, que será, contudo, mais difícil, em termos políticos, do que a primeira, já que grande parte da dívida está na mão dos credores públicos.


"Grande parte da dívida grega está nas mãos de autoridades públicas. Tecnicamente seria mais fácil reestruturá-la do que da primeira vez, já que [a dívida] estava em mãos de privados. Tecnicamente é mais fácil mas politicamente é mais difícil", explicou.

 

"Mas será necessário fazê-lo", defende. "O BCE poderá dizer, por exemplo, ‘reestruturem a dívida’. Estou a falar tecnicamente".


E acrescentou: "Politicamente é muito difícil, mas é inevitável. Podemos continuar a negá-lo, mas a certa altura não podemos empurrar um país, num ambiente democrático, para a austeridade durante os próximos 20 anos, porque é isso que o programa realmente quer para a Grécia".


Questionado sobre o novo Executivo de Atenas, liderado pelo Syriza, o economista acredita que a nova equipa tem capacidade para convencer os credores de que pretende fazer um trabalho "sério". No entanto, os países do Norte devem ultrapassar o sentimento de "desconfiança" que persiste face à Grécia.


"Acredito que este Governo tem a intenção de alterar o sistema de impostos. Pode fazê-lo e quer fazê-lo. Tem capacidade para convencer os credores que são sérios em relação a isso", disse à Bloomberg.

 

"O que tem de ser ultrapassado é a desconfiança que ainda existe. Há uma desconfiança dos países do norte da Europa em relação à Grécia", conclui Paul de Grauwe.

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