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Varoufakis conta com BCE para pagar a credores e acredita que "yields" vão cair para 1%

O ministro das Finanças da Grécia reitera que o novo Governo vai fazer tudo o que estiver ao alcance para manter o país na Zona Euro, revela-se optimista com um novo acordo global com os credores e revela que os depósitos estão a regressar aos bancos gregos.

Bloomberg
26 de Fevereiro de 2015 às 10:00
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Yanis Varoufakis acredita que os lucros que o Banco Central Europeu (BCE) obteve com a dívida pública da Grécia podem ser utilizados pelo país para pagar aos credores nos próximos meses, enquanto não vem o dinheiro dos empréstimos europeus.

 

O BCE obteve uma mais-valia de cerca de 2 mil milhões de euros com a compra de dívida grega, tendo ficado já acertado que este dinheiro será para a Grécia, mas apenas para amortizar dívida. Não está contudo definido o "timing" deste pagamento, mas em entrevista à Bloomberg, o ministro das Finanças grego confia que virá a tempo da Grécia o utilizar para reembolsar os credores nos próximos meses.

 

"Este é dinheiro que nos devem. Este é o nosso dinheiro", disse Varoufakis. O BCE apurou este lucro pois comprou dívida grega no pico da crise, numa altura em que os títulos da dívida estavam a negociar com um forte desconto, tendo concretizado a mais-valia quando estes foram reembolsados por Atenas.

 

Mario Draghi esclareceu esta quarta-feira que não cabe ao BCE decidir quando este dinheiro será libertado para a Grécia. "Os lucros estão prontos para serem distribuídos se a Grécia adoptar o programa. É um compromisso assumido pelos estados-membros e não pelo BCE", disse o presidente da autoridade monetária.

 

Apesar do acordo no Eurogrupo para estender os empréstimos à Grécia, o cheque só irá para a Atenas dentro de quatro meses e caso a última avaliação do programa de ajustamento da Grécia seja concluída com sucesso. Daí a relevância da Grécia ter uma almofada adicional para conseguir cumprir os compromissos com credores nos próximos meses, nomeadamente com o FMI.

 

Depois de pagar dois mil milhões de euros ao FMI em Fevereiro, Atenas terá ainda de amortizar 1,6 mil milhões à mesma instituição em Março e outros 7,5 mil milhões junto do BCE em Julho e Agosto deste ano.

 

Depósitos recuperam

 

"Estou confiante que não teremos um problema de liquidez", disse Varoufakis, considerando ser "inimaginável" que "a Europa e o FMI" deixassem que tal acontecesse. Perante as críticas de que a lista de reformas apresentada ao Eurogrupo era pouco detalhada, o ministro grego rebateu que o documento tinha cinco páginas (quando tinham sido pedidas três) e não era expectável que num curto espaço de tempo fosse possível produzir uma análise financeira e orçamental, com metas quantitativas e outros indicadores.  

 

Na mesma entrevista o ministro grego revelou que depois da fuga de depósitos das últimas semanas, a situação melhorou depois do acordo no Eurogrupo. Só na terça-feira, dia em que os ministros das Finanças gregos deram luz-verde à lista de reformas de Atenas, regressaram 700 milhões de euros aos bancos gregos. Desde o início de Dezembro tinham saído 20 mil milhões de euros.

 

Juros da dívida vão descer para os níveis de outros países europeus

 

Varoufakis mostrou-se ainda confiante que o mercado vai continuar a reconhecer os méritos da Grécia e assim que for possível alcançar um acordo global com credores sobre "investimento, excedentes orçamentais e reestruturação de dívida, vamos ver as ‘yields’ descerem para 1%, em linha com o que está a acontecer noutros países europeus".

 

A taxa de juro da dívida a 10 anos da Irlanda recuou ontem pela primeira vez abaixo de 1%. Esta quinta-feira foi a vez da "yield" da dívida portuguesa da mesma maturidade descer dos 2% pela primeira vez.

 

A "yield" das obrigações gregas a 10 anos está ligeiramente abaixo dos 9%, um nível que "provavelmente" faz sentido, pois não existe visibilidade sobre a sustentabilidade dívida grega nesta altura.

 

"Os investidores compreendem que a menos que consigamos crescer, eles não podem fazer dinheiro com a Grécia", disse à Bloomberg.

 

Acrescentou que apesar do Syriza ser um partido de esquerda radical, o novo Governo tem uma missão semelhante à de um administrador de insolvências para recuperar uma empresa.

 

"Enfrentamos um sector público e privado que está mais ou menos falido. O que temos que fazer é restruturá-lo e reformá-lo, reestruturar a dívida e dar esperança às pessoas", reforçou. Varoufakis repetiu ainda que o novo Governo tudo fará para a Grécia permanecer no euro.

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