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Insistência de Varoufakis na reestruturação da dívida pode complicar a vida aos bancos, avisa governador grego

As declarações de Varoufakis fizeram soar os alarmes. Em Atenas, o governador do banco central do país avisou o Governo de que tem de cumprir os compromissos que acaba de assumir para que o BCE possa normalizar as operações com os bancos. Só em Janeiro, fugiram 12 mil milhões de euros de depósitos. Em Berlim, Schäuble terá ficado incrédulo.

Negócios 26 de Fevereiro de 2015 às 13:54
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O governador do Banco central da Grécia avisou esta quinta-feira, 26 de Fevereiro, o Governo grego de que tem de cumprir o acordado com os credores e dar seguimento às reformas estruturais pendentes para garantir que os bancos têm liquidez para financiar investimentos e a recuperação do país. Se o acordado no Eurogrupo não for cumprido, afirmou, o BCE pode continuar a não aceitar obrigações gregas como garantia nos empréstimos à banca, o que complicará a situação já frágil da banca helénica.

 

O BCE "irá em breve reexaminar [a sua decisão de não aceitar obrigações soberanas gregas como colateral] e deverá revogá-la, como sucedeu em casos semelhantes no passado, mas desde que a Grécia cumpra os recentes compromissos que assumiu perante os seus parceiros europeus", advertiu Yannis Stournaras, citado pela Bloomberg. Esta decisão está marcada para 5 de Março. Por ora, os bancos gregos estão a ser alimentados pela linha de emergência de liquidez, mais cara, e que tem de ser autorizada a cada quinze dias por Frankfurt, sendo a Grécia quem assume a responsabilidade caso esses créditos não sejam ressarcidos.

 

Segundo dados do BCE divulgados esta manhã, só em Janeiro fugiram 12 mil milhões de euros de depósitos de bancos sedeados na Grécia. Estimativas não oficiais cifram em 20 mil milhões de euros a saída de depósitos até ao fim da semana passada.

 

Em entrevista a uma rádio grega, o ministro das Finanças Yanis Varoufakis referiu o regresso de 700 milhões de euros de depósitos desde que assinou o acordo com o Eurogrupo, no âmbito do qual assumiu em nome do Estado grego, o "compromisso inequívoco de honrar plena e atempadamente as suas obrigações financeiras para com todos os seus credores".

 

Contudo, Varoufakis diz que a intenção de reestruturar a dívida grega está de pé. "Eles pediram-me para que deixasse de falar em anulação de dívida e que passasse a falar antes de reestruturação".  "Já não há uma frente unida contra a Grécia ", disse, acrescentando que esse é um assunto sobre o qual terá de se começar a negociar "imediatamente".

 

Confrontado com esta e outras contradições, designadamente no domínio das privatizações, o ministro refere que usou uma linguagem de "ambiguidade criativa".

 

Em Berlim, onde se encontrou com os deputados do campo conservador para lhes pedir para aprovarem a extensão de quatro meses do programa de assistência à Grécia, Wolfgang Schäuble ter-se-á mostrado "incrédulo" com as declarações de Varoufakis, refere a AFP. Os deputados alemães preparam-se para aprovar com uma esmagadora maioria a extensão da ajuda, mas segundo uma sondagem divulgada na quarta-feira apenas 21% dos alemães são favoráveis a esta aprovação.

 

Já ontem, o ministro das Finanças germânico lembrou que, tal como decorre da posição tomada no Eurogrupo, não haverá  mais transferências para Grécia sem que sejam cumpridas as condições do programa de resgate.  Wolfgang Schäuble acrescenta ainda que Berlim está desconfiada. "A questão agora é se podemos acreditar nas garantias do Governo grego. Existem muitas dúvidas na Alemanha, o que é compreensível", sublinhou à rádio SWR2.

 

O ministro de Estado Alekos Flabouràris admitiu esta quinta-feira, 26 de Fevereiro, que a Grécia terá problemas para pagar os empréstimos de Março e Abril e diz que, se assim for, pode vir a pedir um período de graça a estas duas instituições de dois meses.

 

(Correcção: próxima reunião do BCE será em 5 de Março, e não em 4 de Março)

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