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Merkel tenta evitar rebelião na CDU contra novo resgate à Grécia

Merkel está a tentar controlar os objectores, que poderão ser quase um terço dos parlamentares conservadores, preparando-os para a eventualidade de "terem de aprovar mais ajudas para evitar um ‘default’ na Grécia", escreve a Bloomberg. Juncker espera acordo para breve, mas não na cimeira de Riga desta semana.

12 de Fevereiro – Merkel antes do Conselho Europeu em que se encontrou pela primeira vez com Tsipras

“A Alemanha está pronta para fazer compromissos, mas também devo dizer que a credibilidade da Europa depende naturalmente do respeito pelas regras que fixámos e da confiança mútua”.
Reuters
19 de Maio de 2015 às 13:17
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A chanceler alemã Angela Merkel está tentar evitar uma potencial revolta no seio do seu partido contra o acordo de compromisso que estará a ser finalizado entre a troika e o Governo grego, noticia a Bloomberg citando fontes da CDU.

 

Segundo a agência noticiosa, vários altos dirigentes da CDU foram mobilizados para abordar os objectores, que poderão ser quase um terço dos parlamentares conservadores, preparando-os para a eventualidade de "terem de aprovar mais ajudas para evitar um ‘default’, mesmo que a Grécia se recuse a implementar todas as reformas pedidas pelos credores".


Ainda de acordo com a Bloomberg, Angela Merkel tem-se envolvido pessoalmente nesse processo, chamando à chancelaria "pequenos grupos de dissidentes" para os tentar convencer dos riscos de instabilidade geopolítica na região que poderiam ser materializados em caso de saída da Grécia do euro. "O desejo de Merkel de manter a Grécia no euro é repleto de risco político, dado o nível de exasperação na Alemanha após quatro meses de malabarismos políticos do primeiro-ministro Alexis Tsipras. A sua estratégia depende de o governo grego fazer concessões suficientes para lhe permitir vender o acordo ao parlamento e à opinião  pública da Alemanha", enquadra o correspondente em Berlim.

 

Qualquer alteração substancial da condicionalidade associada ao segundo programa de assistência financeira, que está em vigor até ao fim de Junho e no âmbito do qual ainda restam 7,2 mil milhões de euros, terá de ser aprovada pela câmara baixa do parlamento alemão, o Bundestag. Esse será ainda mais o caso no cenário em que venha a ser acordado um terceiro programa de assistência.

Segundo cálculos que circulam em Bruxelas, perante o fecho completo dos mercados Atenas precisará agora de mais 30 a 40 mil milhões de euros para assegurar as necessidades de financiamento nos próximos anos e afastar do horizonte de médio prazo o risco de incumprimento. O ministro grego das Finanças disse na semana passada que "mais cedo ou mais tarde" precisará de um novo empréstimo dos países europeus para pagar a dívida emitida por Atenas que foi recomprada pelo BCE. Yanis Varoufakis cifrou a dívida da Grécia ao banco central em 27 mil milhões de euros, sendo que cerca de seis mil milhões terão de ser pagos neste Verão. 

Um terceiro pacote de assistência só será possível se as reformas forem implementadas. Não podemos simplesmente mandar mais dinheiro para lá. 
Sigmar Gabriel

 

Segundo a Bloomberg, quase uma centena dos 311 deputados do partido de Merkel estão cépticos sobre a capacidade de a Zona Euro conseguir manter a Grécia a bordo.

 

A coligação de governo, CDU e SPD, controla 504 dos 631 lugares do Bundestag, e os dois líderes alemães parecem estar perfeitamente sintonizados. Em entrevista publicada no passado domingo, Sigmar Gabriel, número dois do governo e líder do SPD, afirmou que "um terceiro pacote de assistência para Atenas só é possível se as reformas [destinadas a tornar o país sustentável] forem implementadas. Não podemos simplesmente mandar mais dinheiro para lá". Ao mesmo tempo, Gabriel advertiu que uma saída da Grécia do euro "seria altamente perigosa, não só do ponto de vista económico mas também político". Se um país sair do euro – prosseguiu – o projecto de integração europeia perderá credibilidade. "Ninguém terá mais confiança na Europa se nos partirmos na nossa primeira grande crise", argumentou.

 

Acordo dentro de uma semana?

 

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou nesta segunda-feira esperar um acordo ainda no fim de Maio ou início de Junho, tendo, no entanto, afastado a possibilidade de este acontecer na cimeira europeia dedicada à política europeia de vizinhança que terá lugar em Riga nesta quinta e sexta-feira.

 

O presidente do Executivo de Bruxelas disse estar pessoalmente envolvido nas negociações mas negou a alegada autoria de um novo plano, segundo o qual a Comissão Europeia admitia antecipar as transferências para Atenas e aceitaria que as reformas reclamadas pela troika fossem legisladas mais tarde. "Não existe nenhum plano Juncker. Esse rumor que apareceu na imprensa grega e britânica não é verdadeiro", disse em Estrasburgo, numa altura em que corre nas redes sociais um outro rumor de que esse plano seria da autoria do ministro grego das Finanças.

 

Numa entrevista concedida esta segunda-feira, 18 de Maio, à noite à Star TV, Yanis Varoufakis afirmou, por seu turno, que Atenas e os parceiros europeus devem chegar a acordo no espaço de uma semana. "Penso que estamos muito perto… talvez uma semana", afirmou, acrescentado que a Grécia não assinará nenhum acordo que não inclua uma reestruturação da dívida.

Varoufakis recusou qualquer responsabilidade do seu Governo na falta de liquidez do país e acusou os parceiros europeus de terem adoptado uma "táctica de negociação dura". Ainda assim, assegurou que Atenas vai conseguir pagar todos os salários e pensões até ao final de Maio.

Vários jornais gregos noticiaram neste fim-de-semana que Alexis Tsipras escreveu aos responsáveis da Comissão Europeia, do FMI e do Banco Central Europeu para os avisar de que a Grécia não conseguiria reembolsar 750 milhões de euros ao FMI na data prevista (12 de Maio), a não ser que os seus credores aceitassem transferir para os cofres gregos a última parcela do actual programa de resgate, no total de 7,2 mil milhões de euros. Atenas acabou por reembolsar o FMI, mas com a conta de depósito de emergência que os países-membros devem manter junto do próprio FMI. O próximo reembolso ao FMI, no valor de 302,5 milhões de euros, terá lugar a 5 de Junho.

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