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Merkel tenta evitar rebelião na CDU contra novo resgate à Grécia
Merkel está a tentar controlar os objectores, que poderão ser quase um terço dos parlamentares conservadores, preparando-os para a eventualidade de "terem de aprovar mais ajudas para evitar um ‘default’ na Grécia", escreve a Bloomberg. Juncker espera acordo para breve, mas não na cimeira de Riga desta semana.
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A chanceler alemã Angela Merkel está tentar evitar uma potencial revolta no seio do seu partido contra o acordo de compromisso que estará a ser finalizado entre a troika e o Governo grego, noticia a Bloomberg citando fontes da CDU.
Segundo a agência noticiosa, vários altos dirigentes da CDU foram mobilizados para abordar os objectores, que poderão ser quase um terço dos parlamentares conservadores, preparando-os para a eventualidade de "terem de aprovar mais ajudas para evitar um ‘default’, mesmo que a Grécia se recuse a implementar todas as reformas pedidas pelos credores".
Ainda de acordo com a Bloomberg, Angela Merkel tem-se envolvido pessoalmente nesse processo, chamando à chancelaria "pequenos grupos de dissidentes" para os tentar convencer dos riscos de instabilidade geopolítica na região que poderiam ser materializados em caso de saída da Grécia do euro. "O desejo de Merkel de manter a Grécia no euro é repleto de risco político, dado o nível de exasperação na Alemanha após quatro meses de malabarismos políticos do primeiro-ministro Alexis Tsipras. A sua estratégia depende de o governo grego fazer concessões suficientes para lhe permitir vender o acordo ao parlamento e à opinião pública da Alemanha", enquadra o correspondente em Berlim.
Qualquer alteração substancial da condicionalidade associada ao segundo programa de assistência financeira, que está em vigor até ao fim de Junho e no âmbito do qual ainda restam 7,2 mil milhões de euros, terá de ser aprovada pela câmara baixa do parlamento alemão, o Bundestag. Esse será ainda mais o caso no cenário em que venha a ser acordado um terceiro programa de assistência.
Segundo a Bloomberg, quase uma centena dos 311 deputados do partido de Merkel estão cépticos sobre a capacidade de a Zona Euro conseguir manter a Grécia a bordo.
A coligação de governo, CDU e SPD, controla 504 dos 631 lugares do Bundestag, e os dois líderes alemães parecem estar perfeitamente sintonizados. Em entrevista publicada no passado domingo, Sigmar Gabriel, número dois do governo e líder do SPD, afirmou que "um terceiro pacote de assistência para Atenas só é possível se as reformas [destinadas a tornar o país sustentável] forem implementadas. Não podemos simplesmente mandar mais dinheiro para lá". Ao mesmo tempo, Gabriel advertiu que uma saída da Grécia do euro "seria altamente perigosa, não só do ponto de vista económico mas também político". Se um país sair do euro – prosseguiu – o projecto de integração europeia perderá credibilidade. "Ninguém terá mais confiança na Europa se nos partirmos na nossa primeira grande crise", argumentou.
Acordo dentro de uma semana?
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou nesta segunda-feira esperar um acordo ainda no fim de Maio ou início de Junho, tendo, no entanto, afastado a possibilidade de este acontecer na cimeira europeia dedicada à política europeia de vizinhança que terá lugar em Riga nesta quinta e sexta-feira.
O presidente do Executivo de Bruxelas disse estar pessoalmente envolvido nas negociações mas negou a alegada autoria de um novo plano, segundo o qual a Comissão Europeia admitia antecipar as transferências para Atenas e aceitaria que as reformas reclamadas pela troika fossem legisladas mais tarde. "Não existe nenhum plano Juncker. Esse rumor que apareceu na imprensa grega e britânica não é verdadeiro", disse em Estrasburgo, numa altura em que corre nas redes sociais um outro rumor de que esse plano seria da autoria do ministro grego das Finanças.
Numa entrevista concedida esta segunda-feira, 18 de Maio, à noite à Star TV, Yanis Varoufakis afirmou, por seu turno, que Atenas e os parceiros europeus devem chegar a acordo no espaço de uma semana. "Penso que estamos muito perto… talvez uma semana", afirmou, acrescentado que a Grécia não assinará nenhum acordo que não inclua uma reestruturação da dívida.
Varoufakis recusou qualquer responsabilidade do seu Governo na falta de liquidez do país e acusou os parceiros europeus de terem adoptado uma "táctica de negociação dura". Ainda assim, assegurou que Atenas vai conseguir pagar todos os salários e pensões até ao final de Maio.